Como prometido no começo da semana, haveria um post sobre as competições americanas. A Indy fica para os próximos dias, aproveitando que as 500 milhas de Indianapolis está chegando. Então o foco hoje é a Nascar.
Pra começo de conversa, antes de falar bem ou mal da categoria, é preciso aceitar que cada competição tem sua proposta, seus objetivos, seu público. Automobilismo é mais ou menos como cinema - uns gostam de drama, outros de aventura, outros de ficção científica, etc, etc. Se você gosta de romance (blargh), não precisa falar mal dos outros gêneros, nem obrigar todos a gostar de romance. Simplesmente curta seu filminho. Com corridas é a mesma coisa. Uns gostam de F1, outros de Nascar, motovelocidade, baja, etc, etc. Tem pra todos os gostos, não precisa lenhar e detonar outra categoria, se não gosta, não assista, é simples!
Tudo isso pra falar sobre a Nascar. Isso porque no passado já cai no erro de achar que essa categoria era injusta, o resultado era falso e que nenhuma competição é séria se o vencedor é aquele que se beneficia mais das bandeiras amarelas. Até que por uma conjunção de fatores "extra campo", em 2007 tive a chance de assistir ao vivo uma prova no Texas Motor Speedway. Dai eu tive a verdadeira noção do que é a Nascar.
O autódromo tem capacidade para 250.000 pessoas, e acredite, estava lotado. Interessante que 1 hora antes da prova eu jurava que aquilo não enchia nunca, a arquibancada vazia. Do lado de fora, zilhões de trailers com grupos que estavam lá há dias, no estacionamento do autódromo, caindo de bêbado, vestindo tudo sobre Nascar... do boné ao tenis. E um motorhome de cada piloto vendendo todas as quinquilharias imagináveis. Faltando 20 minutos pra começar, todo mundo no seu lugar marcado, hot dog e cerveja na mão e um fone de ouvido ligado na frequência do piloto preferido. De cada 2 pessoas, uma tinha esse fone. Depois do hino, B-52 fazendo rasante... lá vem os 40 e tantos carros. A galera fica doida, uma histeria total e começam as 400 milhas do Texas. Já na primeira volta, uma pancada com uns 6 carros envolvidos e bandeira amarela. Mais histeria e um bando de gente descendo pra pegar mais cerveja e hot dog. Recomeça... umas 30 voltas sem incidente... o público começa a ficar impaciente, a corrida segue e... pancada, mais 3 no muro!!! ÊÊÊ, bandeira amarela, todo mundo pro bar!! E foi assim até o final, quase 4 horas com 250.000 pessoas alucinadas, comendo e bebendo, e os carros lá dentro se matando... foi dai que tudo ficou claro...
A Nascar é a versão moderna do coliseu de Roma - Comida à vontade e um bando de loucos se degladeando para histeria do publico... é isso... o pão e circo contemporâneo... ninguém tá preocupado se o melhor carro ou o melhor piloto vai vencer, eles querem diversão. E a Nascar oferece isso. É por isso que a F1 não engrena nos Estados Unidos, porque o foco nunca foi diversão, mas sim desenvolver tecnologia e premiar o melhor carro e piloto.
Se vc olhar o campeonato da Nascar, no final também acabam premiando os melhores. São 30 e tantas corridas, em que numa meia dúzia delas vai ganhar um Jeff da vida que largou lá atrás e e deu o pulo do gato na última bandeira amarela. Mas no final do campeonato, os primeiros colocados acabam sendo os melhores no conjunto equipamento/piloto. Sinceramente não sei dizer o que um Kyle Busch, Jimmie Johnson, Jeff Gordon, Tony Stewart, Dale Enhardt Jr. fariam num monoposto, numa F1. Mas e daí?? Esses caras são idolatrados aqui, coisa que nunca vai acontecer com Caca Bueno, Thiago Camilo e Valdeno Brito no Brasil. E eles ganham muito.... mas muito dinheiro, assim como os organizadores... e o público vai pra casa, alegre e contente com 3 quilos a mais na balança.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Massa Rafa, nunca acompanhei Nascar mas tenho uma impressão negativa sobre a categoria, como tenho também sobre a Indy. Mas se diverte o povo, beleza então...
ResponderExcluirO melhor do seu texto é o segundo parágrafo. Só faltou colocar no final: Entendeu Bola????
Não tenho nada contra a NASCAR, ao contrário da sua versão brasileira, porque eu concordo com o Rafa é pão, circo e sangue...
ResponderExcluirPode até ser que eu goste de me empanturrar de beer&hotdogvendo os carros dando volta colados em um muro...
A nascar sabe bem que seu lugar é no coração dos renecks. Ela não se vende como o ápice do automobilismo, o máximo da tecnologia. E olha que os caras tem até uma faculdade só pra formar mecanicos e engenheiros.
O que me irrita é uma categoria que compra motor americano, chassi (torto) feito por um argentino, e se acha a ultima coca cola gelada do automobilismo...
Não tenho nada a dizer sobre a Nascar mas fiquei feliz de ouvir um comentário do Bola :)
ResponderExcluirJá estava quase colando cartazes de "Procurado" por ai... por anda vc anda???
Beijos, Tha
Excelente visão das corridas americanas. Só espero que a escola européia não venha copiar os americanos por causa do espetáculo. Hoje são raras as corridas que não têm interferência do Safety car...
ResponderExcluirSobre a Stock, acho que eles estão evoluindo. E perder as transmissões ao vivo da Globo serviu para um tombinho do pedestal. Espero que estejam se tocando do que está acontecendo.
não se preocupe Bola, o chassi deles também é torto... esses dias consegui ficar fuçando um aqui e dá até medo...
ResponderExcluirbom fazia tempo que não falava com vocês então eu nem estava sabend o desse blog.
abraço