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terça-feira, 15 de abril de 2014

Tu tá de sacanagem, mermão??

Como estava em 12 de abril de 2013:

infelizmente não sei a quem creditar esta foto
 
Como está em abril de 2014:
 
Foto: Genilson Araújo/O Globo

Um ano depois, e tudo o que conseguiram fazer foi mexer montes de terra pra lá e pra cá? Os Jogos Olímpicos são daqui a DOIS ANOS!

Foi pra isso que destruíram Jacarepaguá?

Com as obras nesse ritmo, é difícil fazer qualquer previsão sobre Deodoro. Aliás, uma pequena atualização desse assunto que já está quase morto, para interesse de alguns: Realmente existia o paiol de armas naquele terreno. Mas ninguém é louco de colocar as cargas e os detonadores no mesmo lugar. Então a munição era guardada em um lugar, e as espoletas em outro. Assim, não há um enorme risco de explosão ao se mexer no terreno. O risco é mais ou menos como andar no centro do Rio e um bueiro explodir.

Mas voltando ao assunto do post, com Deodoro minguando, o automobilismo carioca mingua junto. A prefeitura pode até querer manter o seu compromisso, de enquanto Deodoro não sair, levar as provas de turismo e arrancada para Santa Luzia, em BH. O problema é que cada vez menos gente quer ir. Sair do Rio, perder um tempo em aeroporto ou estrada, os custos com transporte, estadia, alimentação, final de semana perdido sem a família, para correr de carro, não dá.

Com isso, os preparadores foram cuidar das suas vidas, os mecânicos também, a equipe de sinalização se desfez, tudo acabou. Pra começar do zero de novo vai dar muito trabalho. Tudo por causa de uma obra que não anda. Foram trocados aqueles 800 empregos fixos, de pessoas que viviam do automobilismo no Rio, por uns 8000 empregos temporários, de pessoas que assim que acabarem as obras vão voltar para os seus estados, ou ficarem desempregados perambulando pelo Rio. Bela troca...

Obrigado, Carlos Arthur.

PS: Um ano se passou, e os meus parças da Comunidade Vila Autódromo ainda estão lá. Que se mantenham firmes!!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Não conta lá em casa

Esse é o título de um programa do Multishow, onde um grupo vai para os lugares do mundo onde ninguém iria. Lugares em conflito, em guerra civil, se recuperando de grandes tragédias, enfim, aquelas viagens que são roubada e dão suas opiniões, no melhor estilo jornalismo Gonzo. Nunca vou ser bom o bastante pra ser jornalista, mas como coisas relacionadas a Gonzo combinam comigo, acabei me metendo numa dessas aventuras.

Tudo começou com um voo cancelado, em maio deste ano. Acabei ficando a pé (literalmente) no aeroporto de Jacarepaguá. Com a dificuldade de se achar hotéis no Rio, acabei me lembrando do velho e bom hotel Monza, e acabei indo pra lá (uhhhhhh.... Mas isso é história pra outro post). O fato é que eram duas da tarde, e eu estava lá, em frente ao autódromo, sem nada pra fazer.

Resolvi andar, tentar entrar no paddock pela última vez. A ideia era ir pela antiga curva norte, contornando o Maria Lenk. O outro interesse era finalmente conhecer o famoso velódromo de Jacarepaguá, com a sua madeira da Sibéria, e se tivesse sorte, ver algum atleta de verdade treinando pras Olimpíadas. De cara, já dei com os burros n'água: meu acesso ao velódromo foi barrado. Os seguranças do complexo olímpico foram realmente muito gentis, é verdade. E não há nenhuma ironia nisso. Os caras foram gente boa, falaram com o superior, e o superior não sabia qual era o procedimento para visitantes.

A verdade é que ninguém se interessa em ir conhecer um elefante branco que é o velódromo de Jacarepaguá. Ficaram 1 hora batendo cabeça, e nada. Por fim, surgiu um procedimento de visita: eu teria que ir pessoalmente ao COB, na Barra, e pegar uma autorização. Vai bem, o esporte brasileiro. Se pra visitar um velódromo tem uma burocracia dessas, imagina um atleta como tem que rebolar pra conseguir um apoio?

Bom, como vi que daquele mato não ia sair visita, resolvi ir mais adiante. Andei mais um pouco, e fui entrando no paddock. Ali, sim, conhecido. Só que bem diferente. Mato bem alto, portão enferrujado, e vigia dormindo em serviço. Sim, dormindo. Quem ia querer entrar num elefante moribundo que é o autódromo de Jacarepaguá?

Entrei sorrateiramente, para não perturbar o sono do moço. Quando já estava a uns 50 metros da velha ponte, ele acordou e me viu. me chamou, e fui falar com ele. Me explicou que o autódromo estava sendo usado (!), para um evento, e que o acesso era proibido, porque haviam pessoas importantes lá dentro, "inclusive Cacá Bueno, esses caras". Bom, devia ser importante, pro Cacá estar por lá. Então meu terceiro objetivo era ver se tinha alguma coisa no RioCentro, mas para isso ia ter que contornar todo o autódromo de novo.

Mas o vigia, mais amigável por ver que eu era um "turista", e não um assaltante, me deu a letra: vai por aqui, ó, mostrando o caminho da Vila Autódromo. A Vila Autódromo. Temor entre 10 em cada 10 automobilistas em Jacarepaguá. A lei sempre foi: "Não erre a entrada, de jeito nenhum. Porque senão você cai na Vila Autódromo. E aí, mermão, já era." Exagero, claro. Mas era uma favela. E mesmo os mais comedidos sempre falavam que a barra lá era pesada mesmo. Eu mesmo cansei de ouvir relatos de pessoas depois dos GPs Brasil, dizendo que foram assaltadas na saída da arquibancada que ficava lá na curva do S.

Perguntei pra ele se não era perigoso, e ele me disse: "Não, é tranquilo. Isso não é mais assim não. Melhorou muito. Agora, é uma favela. E não é pacificada..." Mas aceitei. Então, o trajeto seria esse:


Passando dentro da favela. E a minha missão Gonzo se iniciava.

As imagem acima foi sobre uma imagem do Google Maps. As imagens seguintes, retirei da internet, não tenho os créditos. Servem bem pra ilustrar como é lá.

Voltando a história: Saí do autódromo, e fui pro lado direito, pra circular a área. No começo, tudo tranquilo. Mas já haviam resultados do estrago causado pela mentalidade das últimas administrações municipais. Vi várias casas, na estreita faixa entre o muro do autódromo e o lago, que são hoje oficinas mecânicas. De carros de rua. Mas, pelo estilo, foram um dia mecânicas de carros de corrida. No fundo delas, Gols, Palios, Unos, todos com gaiolas, e que um dia correram na pista. Mas agora estavam expostos ao tempo, enferrujando. Aquelas oficinas viviam de automobilismo, como vivem várias no entorno de Interlagos. Estas, na seca atual, mudaram de rumo, e custam a sobreviver.

Mas o post não é sobre isso, e continuei. Conforme entrava mais no meio da coisa, percebi que como em toda comunidade, existem as pessoas boas e as não tão boas. A associação de moradores promove uma ação para limpeza das fachadas de cada habitação, e de quebra limpam também o lado que seria da calçada do autódromo. E junto com isso, fazem a parte que a prefeitura do Rio deveria estar fazendo. Asfalto, nem pensar. Tudo ali é na base da terra, no máximo um cimento jogado pelos moradores na frente de suas casas. Luz, tem. Água, não sei. Esgoto? É isso aqui, ó:



É esse caldo preto, de um riacho que vem dos lados do morro do camelo, que passa pela vila e termina na lagoa de Jacarepaguá. Um caldo que não deve nada ao Rio Tietê, em São Paulo. Parece até pior.

Continuei andando, e tudo completamente deserto. Mas encontrei um pessoal esquisito, com uma atitude suspeita. Estavam parados, numa quarta-feira a tarde, sem fazer nada. Me olharam com um jeito estranho. Sabia que se viessem na minha direção, estava perdido, e que seria mais um pra contar uma história ruim da Vila Autódromo. Não tinha o que fazer, passei por eles com aquele jeito de quem sabia exatamente para onde estava indo, sem demonstrar qualquer preocupação. Acho que o meu teatro foi bom, porque aqueles quatro caras não falaram nada enquanto eu passava, mas também não me pararam. Só ficaram olhando.


Mais 50 metros, e começaram a aparecer traços de civilização. Já conseguia avistar o setor A, a primeira arquibancada coberta do retão, e sabia que o fim do passeio estava próximo. Vi mais pessoas na rua, mais oficinas mecânicas, os barracos deram lugar a casas de alvenaria, com reboco e pintura. Até por um supermercado eu passei:


Mais e mais gente, mais e mais movimento, e cada vez menos gente "suspeita". Mas sem idealismos, se há traficantes ali, é claro que eles sabiam que eu estava entrando lá. Sabiam desde o momento em que eu saí da portaria do autódromo. Se me deixaram passar, é porque só querem fazer o "serviço" deles. Talvez aqueles quatro homens fossem pessoas mandadas para me ver de perto. Talvez fossem somente 4 desempregados, ou trabalhadores do supermercado em horário de almoço. Sei lá.

Só sei que eu sobrevivi a uma travessia da Vila Autódromo. E que lá só tem gente interessada em cuidar da sua vida. É um pessoal que já estava lá antes de inventarem essa história de Olimpíada, talvez estivessem lá até mesmo antes do autódromo. E que certamente vão ter suas vidas viradas de cabeça pra baixo por causa do grande parque olímpico que será construído ali. 

Essa aqui eu sei quem tirou: Paulo Marcos (Portal IG)

O que isso tem a ver com o blog de automobilismo? Fora dessa lenda dos perigos da Vila Autódromo, eu queria que vocês conhecessem este lado também. Reclamamos que perdemos o autódromo, mas essas pessoas vão perder suas casas. E ninguém está falando nada disso. Esses caras estão lá há mais de 20 anos, e vão ser expulsos de lá, com uma justificativa de que invadiram uma área de preservação. Tudo bem, agrediram o meio ambiente, tá certo. Mas se não se preocupam em realocar estas pessoas, vão pensar em refazer um autódromo? Esquece. Deodoro não sai.

Este é um primeiro post, de alguns ainda que vou escrever sobre a morte do autódromo. Muito pu+o, em ver o esporte tão maltratado. Excelente traçado, corridas fantásticas que vi lá, muitas recordações boas, mas que outros não poderão viver daqui pra frente. Obrigado, Carlos Arthur.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O moribundo e nós

Gente, buenas.
Antes de tudo, deixa eu esclarecer uma coisa. Meu pai vai muitíssimo bem de saúde, felizmente. O moribundo a quem eu me refiro é o pseudoautódromo de Jacarepaguá. Era um gancho com aquele post do "Velho e eu", sacaram? Falei muito do meu pai porque fiz a viagem com ele, e mais de 20 anos depois, ainda lembrava de muita coisa. E que sou muito grato ao meu velho por ele apoiar as minhas loucuras.

Mas como dizem, se você escreve um texto e um não entende, esse um é burro. Quando dois não entendem, o burro é você! Neste caso, só um entendeu... Significa que o burro sou eu...

Mas aproveito pra mandar mais uma do moribundo, agora com a turma da mão na grade. Foi o CINZANO GRANDE PRÊMIO DO BRASIL DE MOTOVELOCIDADE 2002.

Eu lembro que foi uma viagem de doidos. Eu estava em São Paulo, o Rafa em São José dos Campos, e o Bola fazendo um trabalho pra Volks em Resende. Era uma sexta de chuva, mas mesmo assim fomos. Dormimos em Resende, e sábado logo de madrugada saímos para o Rio. (A corrida era no sábado). Autódromo quase vazio, mas ver os malucos trocando tinta dos cotovelos a 295 km/h era coisa de louco. Valeu a pena. Na volta, nos perdemos e ao invés de cairmos na Dutra, acabamos indo parar na Lagoa Rodrigo de Freitas, pra dar um tchauzinho ao Cristo. Voltamos pra SP e ainda fomos ver no domingo a F-Truck em Interlagos!


Autódromo quase vazio, este é o falecido (destruído, entenderam?) Setor Norte. As arquibancadas são melhores que o Setor A de Interlagos, a visibilidade da pista é ótima, dá pra ver um pelotão de motos entrando na reta, lado esquerdo da foto.
Aqui, alguns dos Zé Ruela. Foi a única vez na minha vida que eu vi chuva horizontal. Chovia fino, e ventava muito. Estava de boné pra não molhar as lentes do óculos, mas o vento era tanto que molhou até a minha testa!! E o vento detonou as nossas capas de chuva. Os sorrisos são pra esconder o frio. Mal sabia que ia passar mais frio que isso, em Interlagos 2009 e Silverstone 2008... É impressionante que isso foi em 2002 e nós ainda não aprendemos como nos manter secos em cima de uma arquibancada de autódromo...

Acho que não sou só eu o burro neste blog.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O moribundo e eu

Eu prometi que ia postar as fotos daquela minha primeira visita a Interlagos.

Mas no meio do caminho achei também outra relíquia. O meu primeiro GP de F1. Foi nos dias 1,2 e 3 de abril de 1988. De tanto encher o saco do meu paizão, ele decidiu me levar pra assistir a um GP. Com algum custo compramos um pacote, e na madrugada de quinta para sexta, a santa da minha mãe nos levou até Jundiaí. É que o ônibus da excursão iria passar lá, na Anhanguera, pra nos pegar.

O combinado era 4:00 da manhã. Chegamos 3:30. Minha mãe foi embora, ficamos meu pai e eu na Anhanguera. 4:10, 4:20, 4:30... Nada do ônibus passar. O meu desespero aumentando, fomos esquecidos! Na época mal existia orelhão de ficha, quanto mais celular...

5:00 da manhã chegou o ônibus. Ufa! Embarcamos, mal conseguia dormir. Chegamos umas 10 da manhã ao Rio, eu queria ir para o autódromo, o ingresso era de 3 dias, mas o pacote não. Sexta-feira, um city-tour pelo Rio. Que também foi legal, meu pai me mostrou os lugares que havia trabalhado no centro, e comemos um delicioso galeto numa boca que os nativos ensinaram pro meu velho.
Sábado, 8 da manhã o ônibus nos deixou no RioCentro. Era mais de 1 km de caminhada até o setor N, na Curva Norte. Foi lá que fiquei, e foi lá que vi o meu primeiro GP. Tem mais de 20 anos, mas ainda não esqueci.
Mas como sempre, falei demais. agora fiquem com as fotos, e conforme for, vou comentando. E vocês, podem tirar sarro do molecote feliz da vida!
A montagem tá meia boca, mas essa era a visão da Curva norte. Na foto da direita, bandeiras amarelas por causa de uma errada do Maurício Gugelmin (Leyton House) no Warm-up.
Isso era o terreno por trás da área de escape da cuva norte. Hoje é o Maria Lenk. Mas a cara de felicidade do Pequeno Gonzo não dá pra esconder. Reparem as perninhas tortas!
Olha a carinha do pimpolho! O carinha que está com fone de ouvido é o pai da menina e sem querer ele me protegeu de uma sacada de... Bom, história nojenta. A menina ficou encharcada e deu polícia, a coisa foi bem feia.

Volta de apresentação. Senna estava na pole, era estreia na McLaren, mas antes da volta de apresentação o câmbio trava. Ele largou o carro no grid, pulou para o reserva no box, ali em frente, e largou do pit. Saiu em último, e fez uma corrida especial, passando todo mundo.
Aqui, a galera comemora mais uma passagem do Senna. Ele foi escalando a classificação andando num ritmo impressionante. Mas foi desclassificado na metade da corrida, quando estava em segundo lugar, se aproximando do Prost. Quando havia carro reserva, a regra era a seguinte: depois que você alinha no grid, só podia usar o carro reserva se a largada fosse considerada cancelada. Depois veio o Safety Car, as largadas não foram mais canceladas, e os carros reservas viraram doadores de peças somente.
E foi isso. Achei muuuita coisa desses 20 e tantos anos de GP Brasil. Acho que vou postar antes da corrida em novembro, mas as fotos do velho eu posto antes. Pena que o Moribundo vai muito mal das pernas, só falta desligarem os aparelhos...