terça-feira, 2 de novembro de 2010

Circuitos da Europa (2)

Depois de Reims, foi a vez do maior de todos. Um breve desvio de 18 km na nossa rota, e chegamos no inferno verde. A chegada ao lugar é mais ou menos assim:
Reconheceram a floresta? É algo parecido com os jogos de computador e com os vídeos velhos? Mas e o tempo? Provavelmente não é o mesmo das corridas. Realmente não é. A região de Eiffel, onde fica o autódromo, fica a uns 40 km das Ardenas, onde fica Spa. Então o clima é bem parecido. Hoje a pista de F1 fica confinada num espaço de 2 km, então não se sente o clima variado.
Mas no Nordschleife, o templo, 22 km espalhados pelas cadeias de montanhas, curvas de todos os tipos, 127 curvas no total, é comum fazer sol e calor num lado e chuva torrencial do outro. Como em Spa. Se em Reims o lugar não lembra que um dia Jim Clark correu lá, em Nurburgring não tem como não se arrepiar simplesmente de se estar lá. O lugar respira corridas. O som dos carros rasgando a reta de 5 km do Nordschleife é simplesmente de matar.
Como o tempo é variável, 20 minutos depois daquela foto, chegamos ao Castelo de Nurburg, que dá nome a pequena vila no centro da pista, e que dá nome ao próprio circuito. De vários pontos dele você consegue ver este castelo.
Na verdade, o castelo é uma ruína. Mas que pode ser visitada. O problema é estacionar, e apesar de querer muito conhecer este castelo, estava com pressa pra outra coisa: andar no Nordschleife.
Pra quem não conhece, o esquema é o seguinte: A pista é maravilhosa, completa. Tem todos os tipos de desafios. É tão boa que é usada hoje por fabricantes de veículos para testes dos seus protótipos. Então ela é usada nos dias de semana, das 8:00 da manhã até às 16:30, pelos pilotos profissionais. A partir das 17:00, é de quem chegar primeiro. Você compra voltas no circuito, a um preço de 22 Euros. E eu estava doido pra dar uma voltinha, só pra ver como é...

E o que é? É isso aí em cima, marcada em vermelho. A pista de F1 é a parte pequena, embaixo. O Nordschleife é o trechão em cima. A pista é tão grande, que como dá pra ver, cabem vilas dentro dela. E há rodovias que passam pelo meio dela. E são verdadeiras montanhas que a pista circunda ou atravessa. Eu estava louco para ver como era.
Antes, uma paradinha para tentar entrar no paddock da pista de F1. Não deu, ia acontecer um evento FIA naquele final de semana, então não podia entrar. Acabei podendo entrar somente no hospitality center permanente do autódromo. Aqui, a visão da arquibancada da reta.

E este é um pedaço do hospitality. Gente, se o Bernie Ecclestone fala que Interlagos está na idade média do automobilismo, ele tem alguma razão. Pelo menos na parte do fora da pista. A quantidade e a qualidade do entretenimento que o público tem nas pistas alemãs se compara ao palacetes do Bahrein, ou de Abu Dhabi. O que passamos nos nossos banheiros químicos e arquibancadas tubulares é ridículo.
O autódromo dá lucro, os eventos são muito bem feitos, e este é o shopping center voltado para o automobilismo. Tem lojas de corridas, museu, visitas guiadas a pista, e até parque de diversões. O trilho no centro e no alto da foto acima é de uma montanha russa que passa pelo hospitality e vai beirar a pista, do lado de fora.
A pista de F1 em si, é aquele kartódromo de Tilke, mas fora dela, é um show. Ainda bem que São Paulo tem este traçado maravilhoso, porque senão seria preciso muito mais dinheiro pra segurar o GP aqui.
E depois de babar nas dependências da pista, era hora de correr para comprar o meu ticket e dar uma voltinha na pista. Cheguei a tempo de ver as intruções de segurança. nada de tangenciar a pista. Você anda pelo lado direito dela, e se precisar passar alguém, você deve dar seta e passar pela esquerda. Como no tráfego normal. Afinal, aquilo é um passeio turístico pela pista.
Sei. Só que não existe limite de velocidade. Sabe o que é fazer a Flugplatz, a Adenauer Forst, ou a Fuchsröhre só do lado direito, a 80 km/h? Impossível. Então, neguinho acaba quebrando a lei, mesmo. Essa coisa de turismo é só pra deixar a alemãozada se matar lá dentro.
Não só alemão. Tinha finlandês, italiano, inglês, sueco, em tudo quanto era automóvel. Tinha moto, carro pequeno, Subaru, Ferrari, Corvette, misturados com peruas de família, vans (!?) e até ônibus escolares!! Não sei como um negócio desses dá certo.
Mas enfim, foi isso tudo pra pista. E eu lá, esperando a minha vez de comprar o ticket. E aí que deu errado: carro alugado não entra na pista. De vez em quando eles fazem a checagem, e esse era um dia. Dancei. Menos mal, porque nessa a hora a chuva já estava forte.
Só nos restou andar pelas estradas que cortam o circuito, procurando pontos onde se pudesse ver a pista. Acabei achando a Ex-Mühle, o ponto mais baixo do circuito. Não dá pra ver, mas aquela subida atrás de mim tem uma inclinação como a curva da junção, ou até pior. Um "xupa, Rafa", ou "xupa, CT" foi bem apropriado, mas as fotos fazendo biquinho ficaram ridículas, e eu não ia pagar esse mico aqui. Então vai só a pose igualmente ridícula:
E aqui, uma demonstração do tipo de coisas que andam nesse "passeio turístico":
Sim, aquilo é uma van dos bombeiros. Treinamento de direção defensiva, talvez? Reparem que a pista já estava seca nesse momento, ou talvez nem tenha chovido forte por ali. Como os caras escolhiam o pneu pra largar em 1972?
E essa aqui, uma montagem mal ajambrada da vista da Ex-Mühle, mas dá pra ter uma ideia do pouco que um espectador consegue ver numa corrida em Nurburgring. A Ex-Mühle é um dos melhores pontos pra se ver a corrida, e nos anos 70 o povo costumava acampar lá e passar os 3 dias do GP enchendo a cara de cerveja, e assistindo as 14 voltas do GP da Alemanha. Sim, eram só 14, e sem volta de apresentação.
Nurburgring é um lugar que eu ainda vou voltar. Mas sem carro alugado, ou com algum esquema especial para poder andar lá! CT, compra um carro logo!!

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