quarta-feira, 25 de novembro de 2009

ORGANIZADOR x SUPERVISOR

No vácuo do post abaixo, um exemplo porque a CBA não pode organizar corridas. Essa aqui entra nos causos de rally. Como sempre, vou omitir o máximo possível o nome dos santos, pra não expor ninguém. Só vou contar os milagres.

Primeiro, quem ORGANIZA é o cara que cobra a inscrição, vai atrás dos patrocínios, monta o roteiro do rally, espalha os PCs, contrata a ambulância, avisa a prefeitura e a PM, escolhe a equipe técnica, enfim, faz tudo.

A CBA, ou a Federação Estadual, SUPERVISIONA a prova. Garante que a corrida seja justa e igual para todos. Inspeciona os carros para ver se estão dentro do regulamento, confere se a planilha não está com informação errada. Se aparecer protesto, é a supervisão que resolve e fica com a bucha, tem que aguentar os pilotos raivosos babando em cima.

Pois bem. Aquele dia era a decisão do campeonato. Chovia pra caramba, o rally era de regularidade. E o Regulamento Nacional de Rally de Regularidade determina que para a prova valer, são necessários ao menos 7 PCs válidos.

Eu estava na supervisão da prova, como Comissário Desportivo. O organizador era um grande parceiro meu. Como disse, chovia pra burro, mas mesmo assim os competidores foram chegando.

E os tempos dos PCs também. Eram 14 ao todo. Mas pela chuva, 3 chegaram fora de combate, quebrados. 11 PCs válidos. Conforme fomos apurando os dados, estava tudo completamente inconsistente. Hora por falha do PC que anotou o carro, hora pelo equipamento, os sensores disparavam com a chuva ou lama. Como manda o regulamento, em caso de dúvida, descarte o PC. E fomos eliminando um a um.

Estávamos com apenas 6 PCs válidos, e faltava uma máquina chegar para apuração. O organizador me chamou num canto e disse: " Cara, se este rally for cancelado, eu quebro. Não tenho dinheiro para pagar os PCs e esta estrutura toda de novo."

E a última máquina chegou. Dados inconsistentes.

Danou-se.

Gelo na sala de apuração. Por sorte, conseguimos considerar uma máquina na categoria graduados, e outra na categoria turismo. Assim, cada categoria teve 7 PCs, e a prova valeu. Mas se não conseguíssemos recuperar parcialmente os dados de 2 máquinas, eu ia ter que cancelar o rally.

Mas e se a CBA estivesse organizando? Ela mesma daria um tiro contra o pé? Se a CBA estivesse fazendo a Stock, ela iria pagar do bolso helicóptero de resgate, investir dinheiro em bombeiros a cada 50 m, investir maçicamente em segurança?

E se um fornecedor de pneus de 18 carros do grid dissesse para o supervisor da corrida que o pneu dele não aguenta a curva 13? E se pedisse uma mudança na regra para poder ter uma corrida com 24 carros, mesmo que isso prejudique os outros 6 carros que estavam com pneu adequado? Isso seria justo? Com certeza seria bom para o espetáculo, mas injusto com quem fez a lição de casa e fez o pneu certo. O esporte sairia perdendo.

Por isso que as duas coisas juntas não dá pra fazer. A CBA supervisiona, e quem é louco que pegue pra organizar.



* Contando este causo, lembrei de outro. Quando a silly season der uma esfriada, vou contando essas histórias, mas me lembrem de contar do dia que fui ameaçado de morte!

2 comentários:

  1. Nossa, o Gonzo ficou mordido!
    Mas eh isso ai Gonzo, o Fabio Seixas tem mania de ser implicante com algumas entidades/pessoas e uma delas eh a CBA.
    Manda um e-mail para ele explicando isso ai tudo que vc falou, ele como jornalista tem a responsabilidade de nao sair falando abobrinha sobre o que nao sabe.

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