quarta-feira, 17 de março de 2010

O lado cheio do copo

Agora, as coisas legais:

Que corrida foi essa? Teve as bandeiras amarelas, o que o pessoal chama de competitividade artificial, mas as corridas da Indy são assim. Ultrapassagem demais, um monte alternativas para a corrida, e mudanças de liderança até as últimas voltas. Espetacular.

Me lembrou também uma outra corrida disputada em março, mas de 1993. (Putz, 17 anos já?) Largada no seco, no meio da prova caiu o maior toró, depois a bandeirada foi no asfalto seco de novo. Foi o GP Brasil de F1, os heróis do blog que estavam lá lembram bem.



Foto: Ivan Pacheco / Terra


Ana Beatriz foi pra mim a melhor entre os brasileiros na prova. Mas você tá louco? Ela tomou mais de 3 segundos por volta! Tomou, mas ela fez um contrato por prova. Significa invariavelmente que qualquer batida quem paga é o piloto, não importando se foi culpado ou não. A batida da Bia no sábado deixou a menina empatada para esta corrida. Um porrão no domingo poderia significar um preju danado. Mesmo assim, ela encarou o desafio e foi muito cautelosa, não podia nem fritar pneu. Com um carro ruim, numa pista ruim, e equipe ruim, tirou leite com chocolate da pedra. E no final, quando ligou o phoda-se, andou junto com o pelotão.

A corrida premiou a Bia como a melhor estreante da corrida, e melhor que todas as outras mulheres. Ainda chegou ao fim na sua corrida de estréia numa categoria top. Agora é torcer pra ela continuar no campeonato.

Curiosidade: A Ipiranga fechou o contrato de patrocínio dias antes do embarque do carro para São Paulo. E o carro já chegou no Anhembi com o layout da pintura pronto. Neguinho varou noite na oficina pra pintar isso, porque dá um trabalho de semanas pra acertar a pintura, as linhas, estufa, depois pinta a outra cor, mais estufa, depois verniz, estufa... Adesivo só nos logotipos, mesmo.

Não é novidade, mas São Paulo é a única cidade a ter as duas categorias. Montreal já teve, mas agora só Sampa. E a cidade é também a única a ter corrida de rua tendo um autódromo. Mas e Valência? Tecnicamente, o circuito Ricardo Tormo fica em Cheste, uma cidade perto de Valência. É como se o autódromo de São Paulo ficasse em Osasco, entendeu? Então o autódromo fica em Cheste, e o GP da Europa é disputado em Valência. Só São Paulo mesmo.

Eu não sei o que foi, quando encontrar com meus chefes da CBA vou perguntar, mas de repente a FIA tirou o pé. Estava proibindo, até que de repente tá tudo maravilhoso. Seja o que for, uma vitória política, em cima do Bernie. Mas ele ganhou dinheiro com isso, se ganhou...

A categoria também ganhou. Extendeu os braços pra América do Sul, vai crescendo pouco a pouco. E vai retomando a forma que tinha antes do racha.

Pensei em mil lugares pra fazer uma corrida de rua na cidade. E o Anhembi nunca passou pela cabeça. E até que deu certo? Tirando a ocupação da Marginal, a pista urbana até que não é tão ruim. O hotel fica dentro da pista, e nunca a indy teve tanto espaço pra espalhar as suas trallhas. O sambódromo deu arquibancadas e infraestrutura pra tudo. Só faltou o hospital dentro da pista pra ser o sonho de consumo de qualquer organizador.

Quem fez uma corrida de baja em um mês sabe da dificuldade que é. Fazer uma corrida de baja inteira não chega nos pés de fazer a alfândega em Viracopos para os carros e equipamentos. A coisa foi monstruosa, e fazer isso em 3 meses, é coisa de heróis.


Foto: Joel Silva/Folha Imagem


Resumindo: a bola pingou na área de Ribeirão, pingou na área de Salvador e Rio, mas só São Paulo teve a coragem de chutar. E marcou um golaço.

2 comentários:

  1. Não assisti corrida nenhuma nesse final de semana, nesse lugar só passa basquete e futebol americano, e então não posso falar muito sobre a corrida de São Paulo.

    Porém uma coisa eu consigo ter opinião daqui e concordar com o Gonzo: tem alguém em São Paulo que foi macho suficiente pra pegar esse negócio e marcar um gol. Não foi um golaço, talvez foi um gol de penalti, mas ainda assim foi um gol que Ribeirão, Salvador e Rio não marcaram.

    Nós não podemos assumir sem saber que tudo foi um fiasco, que dinheiro foi desviado, que a cidade não ganhou nada com isso.

    Em todo lugar, inclusive nesse blog e inclusive eu todos duvidamos da capacidade de São Paulo de organizar essa corrida em tão pouco tempo e nessa época de chuvas. No final a corrida foi um razoável e serviu pra divertir o Rafa e Gustavão com seus videos.

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  2. Não basta escrever... tem que comentar...

    Concordo com quase tudo que o Gonzo escreveu, menos que a Bia foi a melhor dos brasileiros. Ela teve a tarefa mais complicada em termos de equipamento e pressão e já tinha batido no sábado. Ainda assim não fez o papelão do Mario Moraes. Mas como piloto mesmo, não achei grandes coisas.

    Pra mim o Tony é o melhor da turma, sem dúvida. O que mata nele é a quantidade de corridas que ele é levado pra fora pela burrada dos outros. Eu lembro de pelo menos três. Mas sempre que sai da corrida está entre os primeiros.

    Pra fechar a Indy 300. A corrida ganha nota 7. O espetáculo ganha nota 9,5. A organização ganha 5 bola pelo que foi e ganha 10 pelo que conseguiu.

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