domingo, 15 de janeiro de 2012

Soldado Gonzo pedindo baixa

Bom, meus caros, aqui estou eu de volta. São meses de sumiço, agora vocês sabem porque. Mas é ainda estranho. Agora que a poeira está baixando, estou conseguindo colocar as coisas em dia. Então celebro este recomeço das postagens com uma “reflexão de homem na meia-idade”.


É que, passado o furacão, ficou uma sensação estranha. Trabalhar com carro de corrida no Brasil é mais ou menos como a vida militar. Fazer automobilismo de qualidade aqui é uma coisa bem utópica. Pilotos são na sua maioria pagantes, que não se preocupam muito com o esporte, somente com a sua diversão, e falam em esporte somente quando são prejudicados. A grande maioria nunca leu ou nem sabe o que é o CDA. Chefes de equipe mudam as regras com o carro já no grid. Os promotores não conseguem divulgar os seus eventos, e mal conseguem lucro nas provas. Ou conseguem, e enfiam a faca. Os meças ganham cada vez menos e são cada vez mais raros. A CBA, acomodada com tudo isso, vê tudo desmoronando e não se mexe pra mudar. As condições para se trabalhar são as piores possíveis, mas você tem que conviver com isso. Como no exército.


Eu fazia o que podia. Podia ser pouco, mas estava fazendo a minha parte pra melhorar o esporte que amo. Carros mais seguros, regulamentos um pouco mais rigorosos, que não permitissem interpretações dúbias, ajudando os clientes (pilotos) a compreenderem melhor como se ajusta o carro, enfim, fazendo o que desse pra que as coisas ficassem menos piores.
Mas abandonei tudo isso. É por isso que fica a sensação de desertor. Abandonar as coisas que se gosta de fazer sempre é ruim, e realmente isso me deixa incomodado. Mas como disse o Mário Guitti, ex-diretor da SAE, “o pré-sal está aí, e se a indústria automobilística não se mexer, vai ter um problema pra conseguir engenheiros.”


Pois é. A partir de agora, meus posts serão de mais um fã de corridas, e não mais de alguém que trabalha nelas. Meus agradecimentos às pessoas espetaculares com quem trabalhei, que também tem o mesmo objetivo, mas que também estão cansados de dar murros em ponta de faca. Espero que eles não desertem a missão também.

Imagenzinha besta, só pra ilustrar o post. acho que esta é a única foto minha "em combate". O clique é do parceiraço Cadu Rolim.


Atualizando:
Estou tanto tempo sem atuar pela CBA que até tinha esquecido de ser comissário. Não, ainda continuo com isso na CBA. A minha sensação de abandono é com os meus amigos da Competição da MMC, e com todos aqueles que ainda acreditam que se pode melhorar. A eles, que fazem milagres com os poucos recursos que tem, o meu obrigado e o meu pedido de desculpas pela deserção. E também a quem me deixou passar anos bons na engenharia automotiva. Agora, vocês me lembraram que posso continuar militando, e podem ter certeza que vou fazer isso assim que possível!! Valeu!

2 comentários:

  1. A CBA perde um dos seus melhores soldados... gente que podia fazer a diferença. Mas eles não querem isso... azar o deles e azar de todos aqueles brasileiros que amam o automobilismo. A coisa tá cada dia indo mais pro buraco....

    Mas... o que importa é que vc voltou pro blog... aqui vc não é soldado... é general!

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  2. Eu concordo com o Rafa, xupa a CBA que perdeu você!

    Cara, pra tentar salvar o mundo você primeiro precisa estar bem consigo mesmo. Você não precisa desistir pra sempre do esporte que você ama, foca em você e Vânia, arruma a vida do jeito que vocês querem e depois, se ainda tiver vontade, pensa em voltar para o esporte, seja como um piloto amador, como engenheiro, como comissário ou seja apenas ensinando tudo o que você sabe para os mais novos.

    Sobre o automobilismo no Brasil, o lado positivo de estar perto do fim do poço é que não tem mais muito como piorar e quando o fim do poço é atingido geralmente alguma mudança grande acontece e tudo começa a melhorar em um ritmo muito mais rápido. As notícias nos sites brasileiros já estão dando um tom de revolta iminente...

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