quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

No limite extremo


Todos os meses o Luciano Burti assina uma coluna na Revista 4 Rodas e na edição deste mês ele abordou um tema bastante interessante. Ele comenta sobre o domínio que os pilotos de F-1 mostram nas corridas de kart como o Desafio das Estrelas, onde pilotos de várias categorias correm juntos.

A resposta segundo ele não está no fato de que os pilotos de F-1 são apenas melhores que os pilotos da Indy, Stock Car, Nascar. A diferença está na percepção de limite de cada um, na sensibilidade e capacidade de raciocinar e agir em milésimos de segundos ao invés de centésimos de segundos. E nenhuma categoria tem um limite tão extremo (uahhh!!) quanto a F-1.

Ele faz a comparação de um F-1 e um Stock Car no S do Senna. O F-1 chega no final da reta perto dos 310 Km/h, freia na placa dos 40 metros e mergulha na curva. Um Stock chega perto dos 250 Km/h e começa a freiar antes da placa de 100 metros. É muito mais massa para desacelerar, muito menos freio disponível e um abismo de diferença em termos de carga aerodinâmica para empurrar o carro para baixo. Naturalmente o piloto da Stock tem muito mais tempo para raciocinar e agir do que o piloto da F-1.

Essa diferença na percepção do limite é que leva os pilotos da F-1 ao topo da pirâmide. Eles acabam sendo melhores porque trabalham com as máquinas mais otimizadas e rápidas do mundo. Nenhum carro freia como um F-1, nenhum carro acelera como um F-1 e principalmente, nenhum carro faz curva como um F-1. É por isso que nunca acreditei que Schumacher voltaria com a força de quando deixou a F-1. E pelo mesmo motivo não acho que Raikkonen voltará brilhando como no passado.

Outra coisa interessante sobre este assunto foi o teste que o Fabio Seixas fez essa semana, andado com o Lucas Di Grassi num F-1 two seater. A descrição dele mostra o quanto esses caras vivem em outra dimensão. São capazes de andar por 300 Km na mesma intensidade que uma montanha russa daquelas bem violentas causa num ser humano normal. Só que ele não fica gritando como qualquer mortal, acima de tudo ele precisa achar o limite do carro. E depois disso tudo sai andando como se nada tivesse acontecido.

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