quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A fonte tá secando?

O povo vive falando disso. Que o automobilismo está morrendo no Brasil, que em breve não vamos ter mais pilotos na F1, blá blá blá.

Eu acho que o automobilismo brasileiro está morto desde o final da década de 80! Curiosamente, desde a época que o Sr. Reginaldo Bufaiçal era o presidente da CBA. Mas isso não vem ao caso.

O fato é que desde sempre poucos bons pilotos conseguiram chegar na europa. Muitos talentosos mas sem dinheiro ficaram no caminho: Moro, Gimenez, Fabio Canjica, só pra citar os que eu vi nas pistas. Outros com dinheiro, mas nem tanto talento foram mais longe, como o Xandinho Negrão. Isso para ficar nos exemplos mais recentes. Mas sempre foi assim, nos últimos 20 anos.

Mas sempre chegou gente nova lá, na Europa. Uns foram pra frente, outros não. E tem sido assim desde que o Émerson abriu as portas. Por exemplo, desde que a F-Renault acabou, uns 3 anos atrás, já mandamos muitos pra Europa. Quer dois bons? Felipe Correia e o Sobrinho do Amir Nasr, que não lembro o nome. Um na FF Inglesa, outro na F-BMW.

É menos, muito menos do que se mandava no final da década de 80 até meados da década de 90. Mas o Brasil era o país das corridas, Piquet, Senna, mandamos muitos pra lá, e muitos eram pilotos ruins, que se aproveitavam que naquela época bastava ser brasileiro pra ganhar uma vaga num time.

Faz falta uma categoria intermediária entre o kart e a F3? E como faz falta! Mas uma temporada de kart para vencer no Brasil custa mais que um apartamento! Tem piloto com motorhome, preparador físico e acessor de imprensa aos 10 anos! Passou do ponto, mesmo. Mas a culpa não é só da CBA / CNK. É também dos pais que acham que os filhos já são pilotos de F1. E essa categoria de monoposto vai correr aonde? Cascavel, Guaporé, pistas que ficaram no século XX?

Então falta uma categoria de base, mas também faltam pistas, falta um kart a custo baixo, faltam "paitrocinadores" com noção do absurdo que estão pagando, falta tudo. Enfim, o automobilismo de pista tá morto. Pelo menos na formação de novos pilotos. A stock tá aí, mas até quando? O Felipe está dando uma tremenda força, ainda bem, porque vai melhorar um pouco as coisas.

Mas apesar disso, vamos sim, continuar mandando gente pra F1. Porque pra chegar lá hoje precisa de talento e mais alguma coisa, saber lidar com a política. Se eles vão ser bons de pista ou não é outra história, mas não importa o estado do nosso automobilismo, vai ter gente saindo do Brasil para Europa ou EUA por mais um bom tempo. Porque quem tiver o que é preciso ter vai aparecer.

Um comentário:

  1. O automobilismo brasileiro vive hoje na esteira de um longo período de pouco investimento e má administração. Na época do Piquet e Senna é até fácil de entender a empolgação dos moleques querendo ser pilotos, enxendo o saco do pai pra andar de kart e depois criando demanda para outras categorias. O mesmo aconteceu com o tênis da época do Guga.
    No entanto, após a morte do Senna a empolgação diminiu, a administração continuou a mesma e as coisas foram indo lentamente para baixo. F-Chevrolet morreu, F-Renault foi lançada e morreu, F3 Sulamericana passou por um período ridículo em que apenas umas 2 ou 3 equipes decentes estavam competindo.
    É um ciclo negativo que se cria, falta de pilotos não estimula novas categorias, que por sua vez não estimulam o desenvolvimento e manutenção de circuitos, engenheiros, comissários, patrocinadores e mídia, que por sua vez tornam as categorias existentes ainda mais amadoras, que por sua vez não atraem pilotos...
    O que acontece hoje é triste e é resultado de pelo menos 20 anos. Iniciativas como a do Massa são muito bem vindas, até porque ele é o herói brasileiro do momento e tem um poder gigante. Mas não significa que estes 20 anos serão revertidos fácil assim, muito trabalho tem que ser feito...

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