domingo, 1 de julho de 2012

Pneus e "peaky cars"

A temporada de 2012 da F1 está indiscutivelmente muito equilibrada e em algumas situações parecendo um pouco de loteria. A restrição do posicionamento dos escapamentos e dos mapas de injeção é na minha opinião responsável por parte deste equilíbrio, já que reduziu a vantagem das equipes de grande orçamento sobre as equipes menores.
Os sistemas de 2011 produziam um regime de escoamento muito instável, complexo e difícil de ser modelado com as ferramentas disponíveis atualmente, e a capacidade que as equipes grandes têm de investir e alocar recursos para entender o sistema gerou uma diferença grande para as equipes menores.
O segundo e provavelmente principal motivo do equilíbrio de 2012 são os pneus. Os pneus atuais possuem uma janela de operação muito pequena, o que em outras palavras significa que uma temperatura de pneus um pouco abaixo do ideal significa uma redução significativa de aderência, e uma temperatura um pouco acima do ideal significa superaquecimento e desgaste excessivo (como explicado pelo Gonzo em seus posts telecurso).
Por mais que as equipes entendam muito bem como aquecer ou conservar os pneus, a temperatura ambiente e da pista são variáveis que não podem ser controladas e frequentemente vemos equipes andando fortes no treino livre de sábado pela manhã e que ficam para trás na qualificação à tarde porque a temperatura mudou e o carro saiu do ponto ótimo.
Para complicar mais a situação, as equipes têm dificuldade em aquecer os pneus dianteiros até a janela de operação e têm dificuldade em manter os pneus traseiros abaixo da temperatura limite. Com isso muito desenvolvimento está acontecendo dentro das rodas e arrefecimento dos freios. Na dianteira existe uma tendência em operar os freios na temperatura máxima possível, bem próximo de oxidação, e com designs que tentam transmitir a temperatura para as rodas/pneus. Na traseira a situação é oposta, os freios são operados mais frios e existem designs para isolar a roda/pneus da temperatura do disco.
O interessante desta situação é que parece que a performance no estilo "bloody peaky cars" atingiu um limite e no momento está impossível controlar todas as variáveis para manter o carro operando no pico de performance. A Lotus é na minha opinião a equipe que tem o carro menos peaky de todos, o carro é consistente e se mantêm na frente em quase todas as corridas, apesar de quase nunca ter performance suficiente para vencer a corrida. O conjunto Ferrari + Alonso é um outro exemplo de consistência. Alonso é famoso por sua habilidade em lidar com os pneus, tinha a sua técnica agressiva de aquecer os pneus na época da Renault e atualmente é claramente mais consistente do que o Massa no uso dos pneus durante a corrida.
As corridas de 2012 definitivamente têm um estilo diferente do que tinham em 2011, talvez com um pouco de loteria, mas na minha opinião não menos interessantes.

Um comentário:

  1. É CT, depois da corrida de Valencia fica dificil falar mal desta temporada. Eu confesso que não estou muito empolgado com esta estoria dos pneus não. E tambem acho que a Pirelli está se queimando com estes pneus malucos.
    Mas talves seja só o impacto da mudança mesmo. Não dá pra negar que as corridas esta muito interessantes.
    Boa corrida em Silverstone!!!

    ResponderExcluir