quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Onde está o erro?

Enquanto o Rafa aproveitou o feriado para escrever o sempre bom post dos conceitos, eu aproveitei pra dar uma olhada nos relatórios do FSAE Brasil 2011. Algumas boas surpresas, outras decepções, muito acochambramento, o normal de sempre.

Mas ao fazer a planilha de controle dos relatórios, uma coisa que é recorrente há anos e só agora caiu a ficha: 22 equipes inscritas. 18 instituições públicas de ensino e 4 particulares. 18% de escolas privadas nas inscritas no FSAE-B 2011. Quando a realidade do Brasil é exatamente o oposto.

O que leva as faculdades de engenharia particulares a não investir em programas estudantis? Seria o perfil dos alunos? Não, algumas equipes são feitas por alunos que pagam a faculdade, trabalham de dia, estudam de noite, e ainda fazem o carro chegar no final do enduro.

Seriam orientadores fracos? Não, tem equipe particular com professores valorosos, que puxam as equipes e facilitam o acesso dos alunos ao conhecimento dentro dos departamentos.

Será que as particulares não percebem o valor de marketing que é ter uma equipe de baja/FSAE na sua escola? Também não. É só olhar qualquer página da internet ou folder dessas escolas que você percebe que elas sabem muito bem usar esta ferramenta.

A minha única (e decepcionante) conclusão é que as instituições nacionais de ensino particular estão preocupadas com o bolso, mesmo. Não querem gastar um punhado de reais pra montar uma oficina e deixar usar os laboratórios, para que os seus estudantes aprendam um pouco mais.

Uma universidade que se preocupa com o lucro ao invés da qualidade do profissional que ela está formando é uma universidade falida já no seu conceito, e não dá pra aceitar uma visão tão idiota do ensino de engenharia assim.

Por isso, por favor, me ajudem, achem outro motivo para tamanha surra que as públicas dão nas privadas, nos eventos estudantis. Quem tiver outra resposta, que poste aqui. Enquanto isso, volto a minha rotina de noites e noites vendo relatórios... Vamos pelo menos ajudar os poucos que se esforçaram para estar na competição.

2 comentários:

  1. Isso me surpreende tambem! Sobre o primeiro item que voce comentou, eu concordo que a grande maioria dos estudantes de escolas particulares tem que trabalhar pra pagar a conta e muitas universidades sao adaptadas a esse perfil, com aulas a noite.

    A maioria das escolas publicas, ao contrario, requer dedicacao integral dos alunos com aulas durante o dia, o que significa que geralmente estes nao conseguem ter um emprego em tempo integral e ainda por cima tem a noite para passar na oficina escutando musica e ralando o dedo no esmeril.

    Eu acredito que um dos motivos eh tambem que o processo de "cair a ficha" e entender a real importancia de um projeto como o F-SAE eh demorado para professores, orientadores e diretores das escolas. Eu tive que lidar com muito professor babaca em 2003/2004 para conseguir coisas simples para o nosso projeto e acompanhei nos anos seguintes a evolucao da cabeca das pessoas em relacao a equipe, como o reconhecimento interno aumentou e como conseguir essas coisas simples ficou mais facil.

    Outro aspecto pra jogar na roda: um aluno pro-ativo consegue mais em uma escola publica do que em uma particular? O sistema eh mais fechado em uma escola particular?

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  2. Zex, acho que são vários elementos que levam a essa situação. Na grande maioria, equipes de Formula nascem dentro de instituições que já tinham o baja. Existem exceções mas são raras. E no baja o número de escolas públicas sempre foi maior que as particulares.

    Uma coisa que ficou claro ao longo desses anos é que uma equipe de Baja ou Formula só sobrevive se tiver uma reitoria ou pelo menos um professor orientador que carregue o legado. Lembram do pessoal da FAAP, quando fizeram o primeiro carro de aluminio no baja? Eram 3 ou 4 loucos, que matavam aula e se matavam. Quando sairam da equipe, acabou tudo, a FAAP nunca mais voltou. Porque a equipe não era da faculdade, era de um grupo de alunos empolgados.

    Outra coisa que influi é o círculo vicioso que envolve ex-alunos e novos participantes. Em geral, alunos que participam dos projetos estudantis e saem das escolas mais fortes, conseguem empregos em grandes empresas e servem de exemplo aos mais novos. E a faculdade, através dos seus professores, consegue enxergar esse valor. Uma escola iniciante vai precisar de 5 a 10 anos pra ver o resultado do investimento. E geralmente é um período muito longo para empresários que precisam garantir a sobrevivência da própria instituição.

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