terça-feira, 9 de julho de 2013

O som de 2014

Em 2014 a F-1 passará por uma nova revolução nos motores. Assim como já passou outras tantas vezes. Os motores turbo voltam ao cenário aposentando os motores aspirados, que um dia aposentaram os turbos. Entram os 1.6L Turbo V6, saem os 2.4L V8.

A Renault foi a primeira equipe a colocar o som do novo motor na internet. Dai pensei, que legal, vou colocar no blog. Mas ouvindo o som do motor pelo computador, cheguei à mesma conclusão que tenho quando comparo o som de um F-1 ao vivo com o som na TV, radio ou internet. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Quem já ouviu um carro de F-1 ao vivo, em plena aceleração, sabe do que estou falando. Nessa comparação entre o real e o digital, prefiro o relato de Rob White, um dos responsáveis pelo novo motor da Renault. Acho que ajuda mais do que o som que ouvi no site da Renault:

‘‘The sound of the engine is the sum of three principal components, exhaust, intake and mechanical noise. On fired engines, exhaust noise dominates, but the other two sources are not trivial and would be loud if the exhaust noise was suppressed and contribute to the perceived sound of the engines in the car.

All three sources are still present on the V6. At the outset, there is more energy in each combustion event but there are fewer cylinders turning at lower speed and both intake and exhaust noise are attenuated by the turbo. Overall, the sound pressure level (so the perceived volume) is lower and the nature of the sound reflects the new architecture.

The car will still accelerate and decelerate rapidly, with instant gearshifts. The engines remain high revving, ultra high output competition engines. Fundamentally the engine noise will still be loud. It will wake you from sleep, and circuit neighbours will still complain. The engine noise is just a turbocharged noise rather than a normally aspirated noise: you can just hear the turbo when the driver lifts off the throttle and the engine speed drops.
 
I am sure some people will be nostalgic for the sound of engines from previous eras, including the preceding V8, but the sound of the new generation Power Units is just different. It’s like asking whether you like Motorhead or AC/DC. Ultimately it is a matter of personal taste. Both in concert are still pretty loud.’’

Sobre a crise de alguns com o som do motor, não tem jeito, toda evolução gera nostalgia. Para muita gente barulho de F-1 era aquele som grave dos motores da década de 50 e 60, não aquela coisa barulhenta e ardida que machuca os ouvidos. Tem aqueles que adoram dizer que barulho de motor mesmo era o V12 da Ferrari da década de 80 (inclusive alguns que falam isso nunca ouviram o som ao vivo.... mas vamos nessa...). E por ai vai, gosto é gosto, e todo mundo tende a gostar mais daquilo que viveu.

Eu adoro o som atual, um escândalo de sei lá quantos decibéis que deixa qualquer um atordoado depois de quase duas horas de corrida. Mas acima do som do motor, a essência da F-1 é liderar a evolução da tecnologia no esporte a motor. E se para manter essa posição for preciso abaixar um pouco o volume, paciência, não será por causa disso que vou deixar de assistir corridas ao vivo. Talvez por outros motivos, mas não por causa desse.

Um comentário:

  1. Num desses eventos de automobilismo da vida... na verdade o evento do "I have no name", conto essa história depois... Pois bem, num evento desses, eu ouvi de um cara da Quaife, que faz transmissões para carros de competição, que grande parte do barulho que vêm dos carros é por causa do câmbio. As engrenagens de dente reto fazem um barulho enorme, perto dos câmbios de dente helicoidal.

    Ele me levou para fora do salão, onde os carros de corrida andavam em demonstração em uma pista oval. Me mostrou dois GTs com câmbios feitos por ele, um de dente reto e outro helicoidal. De fato, o dente reto era muito mais estridente. Mas... além do câmbio, os carros tinham outras diferenças, então não dava pra comparar os carros assim.

    Só que eu me pergunto o quanto do ruído do carro de um F1 é motor, e o quanto é transmissão. Ou a coisa é tão ruidosa que pra nossos ouvidos não faz diferença quando aquela cavalaria toda empurra o carro reta abaixo? Sinceramente, não sei.

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