terça-feira, 12 de novembro de 2013

A história dos pilotos pagantes - de novo

Hoje vi uma reportagem no UOL que me convenceu a fazer esse post, porque é mais um daqueles assuntos que são colocados de uma forma muito tendenciosa e até irritante. É uma entrevista do Lucas di Grassi falando sobre a invasão de "pilotos pagantes" na F-1 e de que forma isso está afetando a categoria (link). Há uma frase marcante no texto: "A Fórmula 1 tem ótimos pilotos, isso é indiscutível, mas seria muito mais competitiva se tivesse menos 'pagantes'." Respeito as opiniões do Lucas, mas acho que ele foi bem infeliz.

Primeiro porque a frase dele dá a entender que pilotos "pagantes" são piores que os "não pagantes". E segundo que dá a entender que a competitividade da categoria está associada somente aos pilotos, coisa que com certeza não é.

Sobre a questão do piloto ser pagante ou não, a pergunta que eu faço é: existe algum novo piloto que chega à F-1 sem um bom patrocínio? Não, não tem. Quem chega hoje passou pelas bases, mostrou qualidade e tem que se virar para conseguir grana. Essa é a realidade. As pessoas ainda pensam no romantismo de quando Senna morava na Inglaterra numa kitnet com o Gugelmim e o talento puro levaria qualquer um ao topo. Esquece, isso não existe mais. Ter lastro financeiro é pré-requisito. Pode anotar, em até 10 anos não haverá nenhum piloto no grid da F-1 que não tenha chegado à categoria como um "piloto pagante". Podem me cobrar. E como já acontece hoje, quem se destacar pelos resultados será contratado a peso de ouro pelas equipes mais fortes, mas ainda assim terá chegado como pagante.

Quanto a competitividade, me perdoe o Di Grassi, mas ela está muito mais ligada ao equilíbrio dos carros e o regulamento do que aos pilotos. Se todos tivessem o mesmo carro, com o mesmo acerto, ok, dai o piloto seria o grande fiel da balança. Mas a F-1 nunca foi e nunca será assim. Sempre haverão carros melhores e piores e o sucesso de um piloto estará diretamente ligado à chance de pilotar um grande carro. É só pensar na seguinte situação hipotética. Pegamos os carros desta temporada. Vamos imaginar que é o primeiro campeonato do mundo, e os pilotos são: Fangio, Clark, Prost, Senna, Lauda, Vettel, Schumacher, Piquet, Fittipaldi, Hakkinen, Alonso, Hamilton, Button, Stewart, Jacques Villeneuve, Raikkonen, Jones, Andretti. Só que essa turma toda não tem título nenhum, é a primeira temporada de todos. Você acha que todos seriam glorificados pilotando uma Caterham, uma Marussia, uma Willians, uma Sauber, uma Force India... esquece!! Alguém vai ganhar e levar os louros... e um monte vão apenas figurar, alguém tem que chegar em último. Por isso, daqui 10 anos, ainda teremos os grandes pilotos, aqueles considerados gênios em sua época. Pagantes ou não, isso não fará diferença.

Fiquei com a sensação de rancor por parte do Di Grassi. Um cara que batalhou para chegar lá, mas não estava no lugar certo na hora certa. E não tinha a quantia certa. Perdeu o bonde da F-1 e busca se estabelecer no WEC. Um campeonato pra lá de forte, com uma Audi e Toyota que jogam pesados, tem pilotos de renome... mas os outros 38 carros que largam... ah... tem muita gente pagante ali!

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