quinta-feira, 13 de maio de 2010

O velho e eu

Foto de 1958

Conheci o velhinho por um livro. No "Manual do Escoteiro Mirim" tinha uma foto dele. Eu, com uns 9 anos, e ele, já um senhor de 46 anos. Pelos anos seguintes, soube de uma ou outra notícia desse senhor. Meio decrépito na idade, mas não no espírito. Sempre que falavam dele, era com respeito e admiração.
Em 1989, veio a notícia: o velho iria fazer uma plástica. A idéia era trazer novamente os melhores pra se apresentarem com ele. Em uma ensolarada tarde de novembro, um domingo, o maluco do meu pai me levou lá, pra conhecê-lo. Ele estava debilitado, ainda com as feridas abertas da sua plástica, mas o ímpeto de guerreiro estava lá.
Não esqueço este dia, e até me lembro que tenho 5 fotos de lá. Meses depois, eu, meu pai e minha irmã estávamos lá, e mais 100 mil pessoas estávamos lá, para ver o renascimento dele. A apresentação foi boa, ele não estava 100% recuperado, mas todo mundo sabia que a partir daquele dia seria sensacional.
O mocinho não venceu na reestreia, mas venceu na apresentação do ano seguinte. Festa geral, era o final que todos queriam há muito tempo. Só que o senhor, com então 51 anos, foi um dos protagonistas da história. Histórias boas e más continuaram acontecendo, sempre com ele recebendo seus amigos, todos os anos, para a Grande Festa.
Neste tempo, fui virando seu fã. Seu temperamento por vezes instável, e invariavelmente impiedoso com quem o tratasse mal, me fascinavam. Acabei conhecendo alguns detalhes dele por curiosidade e admiração.
Em 1997, ele me convidou pela primeira vez. Eu não podia acreditar. Estaria lá, passaria 4 dias na sua companhia, entenderia seus humores, e me lembro de como ele me acolheu. Foi duro, me tratou mal, me fez passar frio, mas me deu um final feliz. Ele ainda me acolheu por mais alguns anos, foi até um velhote muito legal por me deixar andar de bicicleta sobre ele. Ele me mostrou um nascer do sol inacreditavelmente lindo em 1999.
Os anos foram passando, acabei indo a várias festas de diferentes tamanhos, com diferentes convidados. Me diverti, sofri, me frustrei, ele me molhou várias vezes, por pura graça, demonstrando a sua grandiosidade perto da minha insignificância. Depois fui para longe, mas sempre nos encontrávamos nos dias da Grande Festa.
Voltei para perto, e pelo destino, ou opção minha, acabamos nos tornando vizinhos. Hoje, é um velho companheiro. Pelo menos duas vezes por mês vou visitá-lo. Ver os seue ensaios e apresentações. Não sinto mais aquele calafrio que sentia toda vez que chegava perto dele, apenas sinto uma sensação boa de estar com um velho amigo. E ele me recebe sempre bem. E é bom ver que apesar da idade, cuidam muito bem do velhote.
O velhinho fez ontem 70 anos. A idade está lá, na sua história. Mas o vejo cada vez mais moço, pronto para os próximos desafios e apresentações que ainda virão. Que venham os próximos 70 anos!!
Foto de 2009

4 comentários:

  1. Que massa o seu texto Gonzo. Escaneia as fotos do dia em que você foi lá com seu pai e põe aqui!
    Abraços

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  2. Gonzo, animal esse texto. Você dá pra um bom escritor hein??

    Parabéns, ficou muito legal!!

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  3. Gonzo FDP, texto do caralho...
    Vc só esqueceu de contar da maior gentileza que ele nos fez deixado que a gente retocasse algumas partes dele.

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  4. Ah, galera, pára, vai. Sem falsa modéstia, o texto dava pra ser melhor. Esqueci que o Velho já tinha me deixado dar um tapa nele, e fiz até uma ferida com um cabo de fibra ótica... hehehehe. Ainda bem que o Bola lembrou de mais essa história.

    As fotos eu vou postar, sim. Vou pra Campinas este final de semana, vou ver se acho todas, desde 1988. Aí vou pingando todas aqui. É hilário ver essas fotos de 20 anos atrás.

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