Mais óbvio do que o post de Feliz Ano Novo no Blog do Zé Ruela, é a maldita notícia as 11 hrs da manhã de que na Austrália já é ano novo. Pra não dizer que estou inventando, vai a página inteira do site.
Por muitos e muitos motivos, esse blog anda cada vez mais devagar. Já viveu seus dias de Ferrari, Mercedes. Hoje tá pior que Caterham e Marussia. Mas diferente delas, vamos sobreviver, até porque não precisamos de nem um centavo pra isso. Foram apenas 35 posts contra 100 no ano passado. Mas temos que acreditar, milagres acontecem... até o Gonzo tem whastapp agora...
Um abraço a todos, boas vindas aos pequenos futuros editores do blog - a nova geração tá chegando em peso!! E um abraço especial ao Linus, o mais assíduo de todos os leitores desse blog.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
Sons de Interlagos
Gastei mais de 3 horas para chegar do autódromo em casa hoje a tarde. Não posso reclamar muito, afinal pobre Gustavo, pegou o mesmo perrengue e depois iria até Indaiatuba. O tempo no trânsito me permitiu pensar em várias coisas interessantes que vi nessa tarde pra lá de quente em Interlagos. Santo seja o setor F e sua cobertura que vão me proteger do sol amanhã e depois porque já torrei na sexta-feira.
Pra começar, o som é realmente chocante. Ou a falta dele. Quem conheceu o som da F-1 nos últimos anos vai sentir falta, vai ficar arrasado, xingando todos que decidiram por mudar o regulamento. Vimos parte do segundo treino no S do Senna, quando os carros aceleram tudo com o motor virado para nós. O barulho não incomoda, é triste sim, vc fica esperando aquela gritaria mas vem um som grave, embrulhado, misturado com o chiado da turbina. Sem falar o tanto de pneu cantando que se ouve no Laranjinha. Chega a dar dó do vendedor de protetor auricular, vai encalhar tudo. Vi muita gente reclamando, lamentando, puto da vida.
Mas vi também muita gente empolgada, desesperada para filmar ou tirar foto quando os primeiros carros entraram na pista. Pessoas que nunca tinham visto um F-1 na vida e estavam deslumbrados com aqueles carros. Ou seja, é lógico que voltar ao som antigo vai agradar muito os fãs, mas se esse for o som da F-1 daqui pra frente, daqui 10 anos 90% das pessoas que forem ao autódromo só vão conhecer esse som. Os outros 10% de fanáticos que conheceram o som do passado estarão reclamando e propagando a máxima de que no passado era melhor. É um baque sim e deveriam ter considerado isso antes de mudar tudo. Mas não acho que isso seja um fator que vai afastar o público dos autódromos.
O esquema da SAE foi show como sempre. Algumas fotinhas da brincadeira para quem não foi.
Na pista um massacre das Mercedes, o que abre uma perspectiva bem ruim para a disputa da vitória no domingo. É fato: Hamilton só perde o campeonato para ele porque Rosberg não reverte a coisa sozinho e o resto da turma está muito longe. Se não chover, se o carro de Hamilton não quebrar ou se ele não acionar o botão do neutro como em 2007, o inglês vai comboiar o alemão no Brasil e em Abu Dahbi e pronto. Contamos com os alucionados do terceiro ao décimo oitavo para proporcionar a diversão.
Por fim, Interlagos está bonito por dentro mas continua a mesma porcaria do lado de fora. Dentro vai se modernizando lentamente, a parte da pista está excelente, mas o público precisa de atenção. Será que custa tanto para colocar o setor G e A no mesmo padrão de todas as outras arquibancadas do circuito? O público merecia isso. Mas o maior problema é fora. Um bilhão de guardadores de carro, cambistas, ruas apertadas, ambulantes, ladrões. Tudo no meio de um monte de gente folgada que só pensa em si mesmo. Vou para meu vigésimo quinto GP em Interlagos. Incrível como muita coisa melhorou dentro dos portões, mas do lado de fora parece que estamos em 1990 ainda.
#RonaldofudeuesquemaLotus
CT... conhece? Meio mala.... rs
Pra começar, o som é realmente chocante. Ou a falta dele. Quem conheceu o som da F-1 nos últimos anos vai sentir falta, vai ficar arrasado, xingando todos que decidiram por mudar o regulamento. Vimos parte do segundo treino no S do Senna, quando os carros aceleram tudo com o motor virado para nós. O barulho não incomoda, é triste sim, vc fica esperando aquela gritaria mas vem um som grave, embrulhado, misturado com o chiado da turbina. Sem falar o tanto de pneu cantando que se ouve no Laranjinha. Chega a dar dó do vendedor de protetor auricular, vai encalhar tudo. Vi muita gente reclamando, lamentando, puto da vida.
Mas vi também muita gente empolgada, desesperada para filmar ou tirar foto quando os primeiros carros entraram na pista. Pessoas que nunca tinham visto um F-1 na vida e estavam deslumbrados com aqueles carros. Ou seja, é lógico que voltar ao som antigo vai agradar muito os fãs, mas se esse for o som da F-1 daqui pra frente, daqui 10 anos 90% das pessoas que forem ao autódromo só vão conhecer esse som. Os outros 10% de fanáticos que conheceram o som do passado estarão reclamando e propagando a máxima de que no passado era melhor. É um baque sim e deveriam ter considerado isso antes de mudar tudo. Mas não acho que isso seja um fator que vai afastar o público dos autódromos.
O esquema da SAE foi show como sempre. Algumas fotinhas da brincadeira para quem não foi.
Na pista um massacre das Mercedes, o que abre uma perspectiva bem ruim para a disputa da vitória no domingo. É fato: Hamilton só perde o campeonato para ele porque Rosberg não reverte a coisa sozinho e o resto da turma está muito longe. Se não chover, se o carro de Hamilton não quebrar ou se ele não acionar o botão do neutro como em 2007, o inglês vai comboiar o alemão no Brasil e em Abu Dahbi e pronto. Contamos com os alucionados do terceiro ao décimo oitavo para proporcionar a diversão.
Por fim, Interlagos está bonito por dentro mas continua a mesma porcaria do lado de fora. Dentro vai se modernizando lentamente, a parte da pista está excelente, mas o público precisa de atenção. Será que custa tanto para colocar o setor G e A no mesmo padrão de todas as outras arquibancadas do circuito? O público merecia isso. Mas o maior problema é fora. Um bilhão de guardadores de carro, cambistas, ruas apertadas, ambulantes, ladrões. Tudo no meio de um monte de gente folgada que só pensa em si mesmo. Vou para meu vigésimo quinto GP em Interlagos. Incrível como muita coisa melhorou dentro dos portões, mas do lado de fora parece que estamos em 1990 ainda.
#RonaldofudeuesquemaLotus
CT... conhece? Meio mala.... rs
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
O retorno... longe de ser triunfal
Confesso que perdi um pouco a mão de escrever no blog. Foram meses longe daqui, passando de vez em quando para ver se algum Zé Ruela ainda mantinha a chama acesa... louvado seja Liopordo. Cadê o CT com suas análises técnicas, cadê o Gonzo com as histórias dos mecas... aliás, cadê o Gonzo nesse mundo??? Reconheço que tá cada dia mais difícil dedicar tempo para esse blog. Mas assim como os torcedores da Portuguesa, não vamos desistir!
Como a insônia bateu pesado hoje, resolvi escrever algo. Por total falta de inspiração, pensei numa coisa bem idiota, mas que vai ajudar o sono chegar... resolvi listar todos os pilotos que vi ao vivo nesses 20 e tantos anos de GP Brasil. A fonte será a pouco confiável página do Wikipedia, incluindo pilotos que andaram apenas na sexta quando mencionados. Só exclui celebridades Claudio Langes e Gary Brabham porque não classificaram em 1990 e só assiti a corrida. Vai ter alguma imprecisão lógico, mas e dai? O que vale é relembrar os ícones do automobilismo que vi ao vivo. Vamos lá. Ordem alfabética pra facilitar a conferência no Excel.
Tá ai... 150 pilotos, desde 1990.
Como a insônia bateu pesado hoje, resolvi escrever algo. Por total falta de inspiração, pensei numa coisa bem idiota, mas que vai ajudar o sono chegar... resolvi listar todos os pilotos que vi ao vivo nesses 20 e tantos anos de GP Brasil. A fonte será a pouco confiável página do Wikipedia, incluindo pilotos que andaram apenas na sexta quando mencionados. Só exclui celebridades Claudio Langes e Gary Brabham porque não classificaram em 1990 e só assiti a corrida. Vai ter alguma imprecisão lógico, mas e dai? O que vale é relembrar os ícones do automobilismo que vi ao vivo. Vamos lá. Ordem alfabética pra facilitar a conferência no Excel.
Adrian Sutil |
Aguri Suzuki |
Alain Prost |
Alessandro Naninni |
Alessandro Zanardi |
Alex Caffi |
Alex Yoong |
Alexander Wurz |
Allan McNish |
Andrea Chiesa |
Andrea de Cesaris |
Andrea Montermini |
Anthony Davidson |
Antonio Pizzonia |
Ayrton Senna |
Bas Leinders |
Bertrand Gachot |
Bjorn Wirdhein |
Bruno Senna |
Charles Pic |
Christian Fittipaldi |
Christian Klien |
Christijan Albers |
Cristiano da Matta |
Damon Hill |
Daniel Ricciardo |
David Brabham |
David Coulthard |
Derek Warwick |
Domenico Schiattarella |
Eddie Irvine |
Emanuele Pirro |
Enrique Bernoldi |
Eric Bernard |
Eric van de Poele |
Erik Comas |
Ernesto Viso |
Esteban Gutierrez |
Esteban Tuero |
Fabrizio Barbazza |
Felipe Massa |
Fernando Alonso |
Franck Montagny |
Gabriele Tarquini |
Gaston Mazzacane |
Gerhard Berger |
Giancarlo Fisichella |
Gianmaria Bruni |
Gianni Morbidelli |
Giedo van der Garde |
Giovanna Amati |
Gregor Foitek |
Heikki Kovalainen |
Heinz Harald Frentzen |
Ivan Capelli |
Jacques Villeneuve |
Jaime Alguersuari |
Jan Charouz |
Jarno Trulli |
Jean Alesi |
Jean Eric Vergne |
Jenson Button |
Jerome D`Ambrosio |
Johnny Herbert |
Jos Verstappen |
Juan Pablo Montoya |
Jules Bianchi |
Julian Bailey |
Justin Wilson |
Jyrki Jarvilehto |
Kamui Kobayashi |
Karl Wendlinger |
Kazuki Nakajima |
Kimi Raikkonen |
Lewis Hamilton |
Luca Badoer |
Lucas di Grassi |
Luciano Burti |
Luiz Razia |
Marc Gene |
Mark Blundell |
Mark Webber |
Martin Brundle |
Martin Donnely |
Mauricio Gugelmin |
Max Chilton |
Michael Ammermuller |
Michael Andretti |
Michael Schumacher |
Michele Alboreto |
Mika Hakkinen |
Mika Salo |
Narain Karthikeyan |
Neel Jani |
Nelson Piquet |
Nelson Piquet Jr. |
Nick Heidfeld |
Nico Hulkenberg |
Nico Rosberg |
Nicola Larini |
Nigel Mansell |
Olivier Beretta |
Olivier Gouillard |
Olivier Panis |
Paolo Barila |
Pastor Maldonado |
Paul Belmondo |
Paul di Resta |
Pedro de la Rosa |
Pedro Lamy |
Pedro Paulo Diniz |
Philippe Aliot |
Pierluigi Martini |
Ralf Schumacher |
Ralph Firman |
Ricardo Rosset |
Ricardo Zonta |
Riccardo Patrese |
Robert Doornbos |
Robert Kubica |
Roberto Moreno |
Roland Ratzenberger |
Romain Grosjean |
Rubens Barrichello |
Ryan Briscoe |
Sakon Yamamoto |
Satoru Nakajima |
Scott Speed |
Sebastian Vettel |
Sebastien Bourdais |
Sebastien Buemi |
Sergio Perez |
Shinji Nakano |
Stefan Johansson |
Stefano Modena |
Stephane Sarrazin |
Taki Inoue |
Takuma Sato |
Tarso Marques |
Thierry Boutsen |
Tiago Monteiro |
Timo Glock |
Toranosuke Takagi |
Ukyo Katayama |
Valtteri Bottas |
Vincenzo Sospiri |
Vitaly Petrov |
Vitantonio Liuzzi |
Yannick Dalmas |
Zsolt Baumgartner |
Tá ai... 150 pilotos, desde 1990.
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
closed cockpit
Pra tirar a poeira, e fomentar a dicussão....
após o - terrível - acidente do fim de semana, a lamentável notícia do estado do Bianchi, vejo a seguinte manchete no site da BBC:
" F1 should consider enclosed cockpits - Claire Williams "
Não seria a boa e velha falta de foco no solução e foco demais no problema? Afinal, acidentes vão continuar a existir, mas é só usar grua ao invés de trator na pista, ou só usar trator com safety car, sem descaracterizar um formula e transfromá-lo num protótipo!?
após o - terrível - acidente do fim de semana, a lamentável notícia do estado do Bianchi, vejo a seguinte manchete no site da BBC:
" F1 should consider enclosed cockpits - Claire Williams "
Não seria a boa e velha falta de foco no solução e foco demais no problema? Afinal, acidentes vão continuar a existir, mas é só usar grua ao invés de trator na pista, ou só usar trator com safety car, sem descaracterizar um formula e transfromá-lo num protótipo!?
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
fala galvão
E é com satisfação que anuncio, o fim de uma série - não muito longa é verdade - de posts.
O motivo? Tá tudo aqui. E que venha o SporTV, cada vez mais completo, preciso e respeitando a nós, fâs do pináculo do esporte a motor!
O motivo? Tá tudo aqui. E que venha o SporTV, cada vez mais completo, preciso e respeitando a nós, fâs do pináculo do esporte a motor!
domingo, 29 de junho de 2014
Rod End in Bending - Parte 2
No post anterior, eu falei dos problemas em se usar um
terminal rotular em flexão. Mas ainda não dei dicas verdadeiras de solução do
problema. E a coisa boa é que existem várias. Então vamos ver como funciona um
terminal rotular um pouco diferente. Este é visto em quase todas as barras de direção:
Fig 07: Barras de
direção
Isso é usado no mercado. Uai, mas pode? Pode. E qual a
diferença para o outro, que acabamos de ver? Neste caso, a diferença está na
aplicação. Barras de direção trabalham em tração e compressão, a flexão dela é
irrelevante (quem segura a flexão são as rótulas entre as bandejas e os pivôs,
como vimos acima). Pode isso, porque somente temos esforços de tração e
compressão ao longo da rosca, exatamente para isso que ela foi desenhada.
Então se pode usar terminal de direção, vamos a nossa figura
8, que mostra uma solução possível:
Fig. 08: Suspensão
com 3 terminais de direção.
No exemplo acima, temos 3 terminais de direção. Como o
terminal de direção pode ser usado sem restrições, então não tem problema em
fazer assim, certo?
Errado. Se você acha que o desenho acima é certo, então
infelizmente não entendeu nada. Não é o tipo de terminal o problema. É a barra
roscada do próprio terminal trabalhando em flexão que não deve ser usada.
Se você entendeu tudo o que está escrito acima, vai perceber
que o terminal rotular com haste roscada está condenado para esta aplicação.
Mas não está condenado para sempre. Veja um bom uso para ele:
Fig 9: Suspensão tipo
swing axle, um bom uso de terminal rotular de esfera
A suspensão traseira do tipo swing axle usa uma barra de
tração. Como o nome diz, essa barra será submetida a tração, e neste caso, não
há flexão do terminal. É um caso de uso correto do terminal esférico.
Isso tudo entendido, chega de enrolação. Vamos aos
finalmentes, como fazer o jeito certo.
O primeiro tipo de solução é este aqui, com o uso de um
terminal rotular esférico, mas a rosca para montagem fica no corpo do próprio
terminal
Fig 10: Exemplo certo
desenhado
Você já entendeu o porquê de se
conectar a manga a bandeja de suspensão dessa forma. Neste ponto do texto, isto
TEM que te parecer natural. Se ainda não entendeu, releia o post anterior desta série.
Repare que no exemplo acima ainda temos uma pequena mudança
na fixação da bandeja inferior no chassi. Aqui temos um eixo com buchas ao
invés de um terminal rotular com rosca. O princípio é o mesmo: evitar que o terminal
trabalhe em flexão. A bandeja superior mantém o desenho de uso de terminal
rotular, e eu desenhei assim de propósito, seria a única situação que eu
aceitaria numa competição de Baja ou Fórmula se a equipe tivesse um bom motivo
para fazer assim.
E se você não entendeu porque a fixação da bandeja no chassi
é assim, fica de lição de casa. Vai pensar um pouco e veja que realmente o
projeto é mais refinado desta forma. Estou falando em resistência mecânica, não
entro no mérito se o compliance da bucha de poliuretano com bissulfeto que vai
dentro dessa fixação é melhor que a histerese provocada pelo atrito da esfera
metálica dentro do terminal rotular. Aí é assunto pra outra conversa.
E se você ainda acha
que esta solução não vale a pena, então porque a Kawasaki usa isso nos seus
quadriciclos?
Aí você diz: “Tá, mas
isso é pra carro off-road, meu negócio é pista. As cargas de frenagem altas não
são suficientes para quebrar meu terminal.” Mesmo que isso fosse verdade, olha
a bandeja inferior do Dallara F302 (Fórmula 3, modelo 2002):
Fig 12: Bandeja de
suspensão dianteira inferior de um Dallara F3 (Retirada do manual da Dallara)
E esta é a única solução? E se eu quiser ainda ter um pouco
de ajuste? Bom, aí fica um pouco mais complicado, mas é possível. Só é
necessário usar plaquinhas de ajuste. Esses espaçadores ajudam, mas realmente
fica bem mais limitado. É uma solução mais apropriada para os carros de
fórmula, onde a precisão do ajuste faz enorme diferença. Tem projetos
patenteados, que não posso publicar aqui. Mas o princípio da coisa eu posso:
Fig 13: Método de
ajuste de cambagem.
Dependendo do projeto, dá até pra fazer outros ajustes.
Olha, de novo, o exemplo do Dallara F302, como muda a altura do roll center:
Fig. 14: Regulagem de
altura de roll center, manual do Dallara F302.
Estes são projetos comuns no mercado de competição, e existem
alguns até mais simples do que isso. Tem gente que tem uma manga para cada
geometria, e tem gente que consegue fazer tudo isso com poucas peças, usando as
boas práticas da engenharia.
Espero que vocês tenham entendido o que está errado com os
terminais rotulares em flexão, e o que pode ser feito para se arrumar isso. Bajeiros
e formuleiros agora não tem mais desculpa: se aparecerem na competição com esse
projeto, e sem uma boa justificativa, além de tomar nota baixa na avaliação, vão
aprender um pouco sobre orelha puxada trabalhando em flexão...
Rod End in Bending - Parte 1
Eu tive a ideia de fazer o Telecurso Zé Ruela por causa
deste problema, e este post deveria ser o início da série. Mas como os posts de
pneu já estavam prontos, acabaram entrando primeiro, e esses aqui ficaram na
geladeira por anos Espero desovar mais telecursos meio acabados em breve.
Um terminal rotular trabalhando em flexão é um problema
grave. E mais grave é que pelas fotos das últimas competições estudantis pelo
Brasil, eu pude perceber que a coisa virou uma praga. Todo mundo está fazendo
isso nos seus carros, e como parece ser uma solução elegante, virou meio que
default. E os juízes devem coibir isso. Meu medo é que com os anos isso vire
uma coisa normal, os juízes considerem isso normal, os estudantes se formam e
vêem isso normal, e no dia que eu comprar um carro com isso, vou pessoalmente na
fábrica chamar o engenheiro de burro.
Então vamos pro problema. Me desculpem os desenhos, mas
desde que mudei de trabalho não posso mais usar o Catia, e ficaram somente os
desenhos na mão pra explicar as coisas. Mas melhor isso que nada, certo?
Deixa eu começar pelo começo: há muitos anos atrás, quando
eu ainda participava de uma equipe de MINI BAJA (e olha que faz tempo que o
termo mini baja não é mais usado), enchia o saco do Rato para que ele fizesse
uma suspensão dianteira assim:
Fig. 1 – esquema em
vista explodida de uma suspensão duplo A com erro em aplicação
Era o mundo perfeito: com essa suspensão dava pra ajustar
cáster, câmber, convergência, e até um pouco de ajuste da bitola. Tudo poderia
ser feito simplesmente rosqueando a mais ou a menos alguns terminais. E, atrasado
no curso como sempre fui, não entendia porque ele não fazia essa suspensão.
Me formei, vi que isso era errado, mas confesso que não
entendia direito o tal do REIB, ou Rod
End In Bending. Traduzindo: Terminal rotular em flexão. Então, vou tentar
ajudar a quem também não entende direito isso, pra ver se não acontece mais de
eu encontrar essa praga nas competições.
Pra começar, vamos ver algumas das cargas que passam da
manga para a bandeja. Essas cargas necessariamente passam pelos terminais, já
que são o elo de ligação entre os dois componentes. Nesta figura temos a vista
frontal de uma suspensão dianteira:
Fig. 02: Momento fletor no terminal em vista frontal
Em azul, as cargas que entram vindas do solo, e em verde a
reação do conjunto amortecedor/mola. Repare que mesmo que a reação esteja
alinhada com o ponto de apoio, no terminal rotular ainda há uma flexão (em
vermelho).
Isso foi em vista frontal, uma situação onde é mais crítico
para carros off-road, apesar do desenho ser de um carro de pista. Agora vamos
ver uma vista lateral, que é mais crítica para carros de asfalto (com um
desenho de carro off-road, me perdoem):
Fig. 03: Forças atuantes na manga em vistas lateral e
superior
O que temos aqui são as cargas de frenagem, uma reação da
pinça de freio sobre a manga. Isso gera um binário na manga, cuja reação é
representada pelas setas azul e verde. Quem segura este movimento de girar a
manga (e a pinça de freio) junto com a roda é a bandeja de suspensão. E essa
carga passa pelos terminais rotulares. Na vista superior podemos ver como
ocorre essa flexão do terminal. Pra facilitar, mostrei somente a carga sobre o
terminal superior. Em verde, as cargas da manga, e em vermelho, a flexão.
Certo, e como resolver isso? Vamos ver primeiro a principal
recomendação de como montar um terminal rotular em uma barra:
Fig 04: Boa prática
da instalação da de um terminal rotular.
Reparem que a ponta do terminal está “enterrada” na barra
(ou bucha) em pelo menos uma vez e meia o seu diâmetro. Isso é importante para
que a transferência de carga seja gradual da rosca do terminal para a bucha da
barra. Além disso, temos uma contraporca para manter a posição do terminal.
Essa contraporca é importante, e acreditem, se ela ficar solta, a barra vai
correr. Se o outro lado for uma rosca esquerda, aí pior ainda. Você com certeza
vai perder a regulagem. É incrível como eu pego essas contraporcas soltas em
inspeções, tanto pra SAE como para a CBA.
Aliás, um parêntese aqui. Muito cuidado com o torque
aplicado nessa contraporca. Consultem sempre o manual do fabricante do terminal
sobre o torque a ser aplicado. Torque de menos solta a porca. Torque demais
cria uma tensão extra sobre a rosca do terminal, e com a tração a ser colocada
na barra que já vai trabalhar a peça, pode haver a ruptura.
Vamos ver agora como acontece a quebra. Já vimos antes quais
são as forças fletindo o terminal, então vamos olhar em mais detalhe como o
ocorre a falha:
Fig 05: Terminal
submetido a flexão
Claro que a imagem acima está exagerada. Mas as forças de
flexão tendem a fazer isso. Acontece que a barra que está fletindo é uma rosca,
um concentrador natural de tensão. O resultado é fácil: esforços cíclicos +
concentrador de tensão = Fadiga acelerada. Com o tempo isso vai quebrar. Isso
se não der azar de bater num morro, numa zebra, um esforço a mais vai provocar
quebra imediata.
E o que fazer para evitar isso? Bom, eu posso evitar que o
terminal flexione da maneira que está na figura acima, colocando porcas e
arruelas, para que a barra fique próxima do início da rosca. Assim não vai ter
problema, a maior parte da rosca vai estar apoiada. A figura abaixo dá uma
ideia do que vai acontecer:
Fig. 06: Terminal com
porcas apoiando a barra.
Ué, mas se a rosca está quase toda escondida, protegida,
porque falhou? O que aconteceu? Lembre que o momento de flexão é o mesmo: o
peso do carro não mudou, os pontos de apoio do amortecedor não mudaram, a
geometria da suspensão também não, nem a manga. Portanto, as condições são as
mesmas das figuras 02 e 03. A única coisa que mudou foi a contraporca extra
para dar mais apoio. Antes, você tinha, vamos supor, 12 fios de rosca expostos,
para fletir. A carga de flexão estava distribuída nesses fios. Agora, você tem
6 fios fletindo, e o momento de flexão é o mesmo. Resultado: vai quebrar mais rápido.
Se você tentar “juntar”a contraporca na cabeça do terminal, como no
detalhe da figura acima, para evitar ao máximo o número de fios de rosca expostos,
mesmo assim não vai adiantar. SEMPRE vai ter um fiozinho, uma entrada de rosca
exposta, e é justamente ela que vai quebrar, porque toda a tensão estará nela.
Não, essa solução não serve.
Novamente, o que fazer pra evitar isso? Tá fácil. A resposta
vem na ponta da língua: É só colocar um terminal de diâmetro maior. Com uma
área de seção maior, as tensões serão menores, e poderemos prolongar a vida em
fadiga, certo?
NÃO.
Essa não é uma solução elegante. Aliás, é uma solução bem
tosca, do ponto de vista de engenharia. Não interessa o diâmetro, a rosca
continua lá, concentrando tensão, abrindo a trinca. Na verdade, ao colocar um
terminal maior, você está adiando o problema, não resolvendo. Isso é errado.
Não dá pra implementar essa solução num carro de rua. Ou pior, imaginem como
seria em um caminhão. A manga e suas conexões são componentes críticos, cuja
falha pode levar a sérios acidentes. Não dá pra brincar.
Mesmo se o aumento do diâmetro da rosca fosse uma solução
viável, a pergunta seria: O quanto aumentar o diâmetro? Para um bom fator de
segurança, seria necessário dobrar o diâmetro. Um juiz de design de Fórmula SAE
ficaria muito bravo ao ouvir que a massa suspensa foi aumentada porque a equipe
não sabia como resolver o problema...
Sendo realista, eu até concordo com a fabricação de uma
bandeja com terminais em flexão, para fins de ajuste fino do carro. Você pode
usar o terminal rotular trabalhando em flexão numa bandeja protótipo, e depois
que o carro estiver ajustado, pegar as dimensões da bandeja, os ângulos da
geometria de suspensão, e fabricar a bandeja definitiva. Eu daria um crédito
para a equipe que fizesse isso e me contasse na competição. Seria uma forma
válida de desenvolvimento de produto, o uso dessa bandeja-protótipo. O que não
vale é aparecer na competição com uma bandeja dessa dizendo que é protótipo, e
o carro de produção vai ser diferente.
Acho que nesse ponto já derrubei todos os argumentos para se
usar isso comercialmente. E em uso estudantil também. Lembrem que Baja e FSAE
são carros de recreação, que no projeto devem ser produzidos em massa para
serem VENDIDOS ao mercado de recreação. E mais do que isso, a competição avalia
PROJETOS DE ENGENHARIA.
Até aqui foi explicado o problema, o que está errado. No
próximo post eu explico o que pode ser feito para se livrar do problema de uma
maneira definitiva.
sexta-feira, 27 de junho de 2014
Zé Ruela dando dica na Copa
Eu li isso aqui e não aguentei. Tinha que contar um causo de muitos anos atrás.
Não lembro o ano, e um colega e eu fomos escalados para fazer a pista do enduro do Baja, em Interlagos. Nos deram 2 dias de máquina, e um tratorista cardíaco, que quase bateu as botas no meio da Curva do Sol. Na verdade, quem bateu as botas foram os cabos de fibra ótica da reta oposta, mas isso é assunto pra outro post.
O que interessa é que naquela época, a competição do Baja era 2 semanas antes do GP Brasil de F1. Naquela época, ainda não havia as frescuras de fechar o circuito 3 meses antes pra colocar a instalação no padrão FOM. Então entramos no terreno, ali no meio do mato, pra montar a pista. No final do segundo dia, estávamos com o cronograma meio estourado. Estávamos no trecho final, mas no final da tarde, um helicóptero da Globo ficava nos atrapalhando.
Eu não sei o que ele estava fazendo, se gravava imagens do Paddock, de alguma curva em especial, se analisava interferência de sinal, ou se estudava os ventos pra aproximação do heliponto na curva do Sargento. O fato é que ele estava muito próximo do chão, e com o barulho e o vento, nós não conseguíamos nos falar. Pior ainda seria passar a instrução para o velhote tratorista.
Aquilo realmente estava incomodando. Fomos aos trancos e barrancos finalizando a pista, até que chegamos numa clareira. O colega me chamou para o centro da clareira, e falou comigo: Vou dar um jeito nisso aqui.
Ficamos um tempo ali, no meio do nada observando o Globocop. De repente, quando a aeronave estava bem de frente pra nós, escutei uma praguejada habitual, seguida de um "Quer filmar, filma isso aqui, seus trouxas" (ou algo assim). Olho para o lado, e vejo uma situação comum no Tusca, mas inóspita no meio de Interlagos. A visão do helicóptero deve ter sido mais ou menos assim:
Não sei se o helicóptero conseguiu cumprir a sua missão, ou se se assustou com a visão. O fato é que segundos depois o helicóptero sumiu, e pudemos terminar o trabalho normalmente. Prefiro pensar que foi a segunda opção.
Portanto, uma dica ao Jorge Sampaoli, técnico da Seleção Chilena: Se o helicóptero da Globo voltar a pairar sobre o seu treino, você vai ter 22 motivos para mandar embora o intruso!
Não lembro o ano, e um colega e eu fomos escalados para fazer a pista do enduro do Baja, em Interlagos. Nos deram 2 dias de máquina, e um tratorista cardíaco, que quase bateu as botas no meio da Curva do Sol. Na verdade, quem bateu as botas foram os cabos de fibra ótica da reta oposta, mas isso é assunto pra outro post.
O que interessa é que naquela época, a competição do Baja era 2 semanas antes do GP Brasil de F1. Naquela época, ainda não havia as frescuras de fechar o circuito 3 meses antes pra colocar a instalação no padrão FOM. Então entramos no terreno, ali no meio do mato, pra montar a pista. No final do segundo dia, estávamos com o cronograma meio estourado. Estávamos no trecho final, mas no final da tarde, um helicóptero da Globo ficava nos atrapalhando.
Eu não sei o que ele estava fazendo, se gravava imagens do Paddock, de alguma curva em especial, se analisava interferência de sinal, ou se estudava os ventos pra aproximação do heliponto na curva do Sargento. O fato é que ele estava muito próximo do chão, e com o barulho e o vento, nós não conseguíamos nos falar. Pior ainda seria passar a instrução para o velhote tratorista.
Aquilo realmente estava incomodando. Fomos aos trancos e barrancos finalizando a pista, até que chegamos numa clareira. O colega me chamou para o centro da clareira, e falou comigo: Vou dar um jeito nisso aqui.
Ficamos um tempo ali, no meio do nada observando o Globocop. De repente, quando a aeronave estava bem de frente pra nós, escutei uma praguejada habitual, seguida de um "Quer filmar, filma isso aqui, seus trouxas" (ou algo assim). Olho para o lado, e vejo uma situação comum no Tusca, mas inóspita no meio de Interlagos. A visão do helicóptero deve ter sido mais ou menos assim:
Não sei se o helicóptero conseguiu cumprir a sua missão, ou se se assustou com a visão. O fato é que segundos depois o helicóptero sumiu, e pudemos terminar o trabalho normalmente. Prefiro pensar que foi a segunda opção.
Portanto, uma dica ao Jorge Sampaoli, técnico da Seleção Chilena: Se o helicóptero da Globo voltar a pairar sobre o seu treino, você vai ter 22 motivos para mandar embora o intruso!
domingo, 22 de junho de 2014
Tem boné da Brabham?
Ok, essa aqui era um pedido antigo de alguns editores deste blog, que sempre queriam ir ao GP Brasil usando um boné da Brabham. O diacho é que ninguém conseguiu o logotipo antigo da Brabham, aquele da serpente.
Aí eu consegui, não perguntem como, uma foto do bico da Brabham do Piquet. A coisa ficou guardada pra quando desse fazer o desenho. Mas no mês passado, com a morte de Sir Jack Brabham, voltei com o projeto. Então taí:
Claro, coloquei uma marca d´água do Blog, e é uma versão mais rústica. Deu um trabalhão danado fazer isso e não vou dar de mão beijada pra qualquer um. Se algum Zé Ruela quiser o desenho pra fazer a camiseta ou boné pode pedir que eu mando por e-mail. Taí sugestões de como homenagear o velho Jack (e sacanear os ambulantes) no próximo GP Brasil:
Mas, é claro, antes de fazer, tem que pedir licença de uso de imagem pro Bernie... Ele ganha dinheiro da F1 até com equipe extinta!
Aí eu consegui, não perguntem como, uma foto do bico da Brabham do Piquet. A coisa ficou guardada pra quando desse fazer o desenho. Mas no mês passado, com a morte de Sir Jack Brabham, voltei com o projeto. Então taí:
Claro, coloquei uma marca d´água do Blog, e é uma versão mais rústica. Deu um trabalhão danado fazer isso e não vou dar de mão beijada pra qualquer um. Se algum Zé Ruela quiser o desenho pra fazer a camiseta ou boné pode pedir que eu mando por e-mail. Taí sugestões de como homenagear o velho Jack (e sacanear os ambulantes) no próximo GP Brasil:
Mas, é claro, antes de fazer, tem que pedir licença de uso de imagem pro Bernie... Ele ganha dinheiro da F1 até com equipe extinta!
quinta-feira, 12 de junho de 2014
terça-feira, 27 de maio de 2014
sábado, 10 de maio de 2014
WWF Rainforest Rescue
Vou dar uma de Gustavo Bonecão de Posto e usar o blog pra falar de outro assunto que não automobilismo.
Esse ano eu estou treinando para quatro desafios esportivos que criei pra mim mesmo e estou arrecadando fundos para o projeto WWF Rainforest Rescue que opera no estado do Acre. Se alguém lendo isso tiver a fim, por favor me "patrocine" doando para o projeto. A empresa Sky vai addicionar 1 libra pra cada libra doada.
Visite a minha página onde em explico sobre os desafios e coloquei detalhes sobre o projeto da WWF: www.justgiving.com/gbrand
Foi mal por usar esse blog pra isso! Por favor não me expulsem!
Esse ano eu estou treinando para quatro desafios esportivos que criei pra mim mesmo e estou arrecadando fundos para o projeto WWF Rainforest Rescue que opera no estado do Acre. Se alguém lendo isso tiver a fim, por favor me "patrocine" doando para o projeto. A empresa Sky vai addicionar 1 libra pra cada libra doada.
Visite a minha página onde em explico sobre os desafios e coloquei detalhes sobre o projeto da WWF: www.justgiving.com/gbrand
Foi mal por usar esse blog pra isso! Por favor não me expulsem!
Downforce vs. Arrasto
O GP de Barcelona é o primeiro da temporada européia e após uma pausa de três semanas em que os carros finalmente retornaram para as suas fábricas. Por esse motivo, essa é uma das melhores oportunidades para as equipes implementarem as atualizações no carro. Esse é um dos motivos pelo qual a ordem da performance das equipes pode mudar.
Porém este ano existe um outro motivo que pode explicar uma mudança na ordem das equipes: o nível de downforce/drag em que o carro foi desenvolvido. Para explicar isso, eu criei esse gráfico abaixo mostrando a relação entre downforce e drag de quatro carros.
Começando pelos carros 1 e 2: vocês podem ver que estas equipes desenvolveram os seus carros para atingir um alto nível de downforce e que invariavelmente traz também um alto nível de arrasto. Quase sempre mais downforce significa menor tempo de volta (a não ser que o downforce seja muito ineficiente, ou seja, crie muito arrasto). O que define se uma quantidade de downforce vs. arrasto é boa ou não é a simulação de tempo de volta. Então quando as equipes estão trabalhando em um carro novo, elas têm um target de drag e tentam criar downforce da maneira mais eficiente possível porém ficando com o arrasto sobre controle e perto do target. Como vocês podem ver, ambas as equipes do carro 1 e 2 trabalharam com um drag target semelhante e nesse caso a equipe do carro 1 conseguiu melhor eficiência e provavelmente será o carro mais rápido.
Agora, e o carro 3 será mais lento que o carro 2? Depende, talvez a equipe concluiu que o carro seria mais rápido se tivesse menor arrasto para maior velocidade em reta e desenvolveu o carro naquela faixa de arrasto. E existirão corridas em que um menor nível de arrasto é desejável e a equipe pode ter uma vantagem em desenvolver o seu carro naquele ponto de operação (lembram da Force India em Spa 2009?).
Ou pode ser que a equipe 3 gostaria de ter mais downforce porém simplesmente não consegue atingir aquele ponto de operação (Caterham e Marussia).
Entre 2009 e 2013 as regras e motores estavam razoavelmente congeladas e as equipes convergiram para um ponto ótimo em termos de drag target. A briga de performance estava como a entre o carro 1 e 2 nesse exemplo. Porém 2014 introduziu uma gigantesca mudança dos motores e a necessidade de terminar a corrida com um limite de 100km de combustível. As simulações de tempo de volta (para determinar o drag target) dependiam de vários parâmetros de operação do motor que eram estimados até o começo desse ano. Como consequência, diferentes equipes tiveram diferentes conclusões sobre o seu drag target e desenvolveram seus carros usando diferentes pontos de operação.
Vou tentar dar nome aos bois: Red Bull e Lotus desenvolveram seus carros com mais downforce/arrasto. Mercedes/Williams/Force India/McLaren/Toro Rosso focaram em muito menos downforce/arrasto. Parece que a Mercedes fez isso de maneira consciente. Force India, McLaren e Toro Rosso porque simplesmente não conseguiram colocar mais downforce no carro.
O que aconteceu foi que o nível de drag desejável para as primeiras quatro etapas foi menor do que o desejável para Barcelona. Em paralelo, os motores Renault foram um desastre, o que significou que Red Bull e Lotus tinham muito arrasto e pouca potência = velocidade em reta abismalmente menor. Aí as duas equipes em questão começaram um processo de tentar reduzir arrasto meio que em desespero e o que aconteceu é o que vocês podem ver na linha pontilhada do carro 2: o arrasto foi reduzido mas de maneira muito ineficiente (isso porque tirou o carro do seu ponto de operação, aí começa a ter stall no difusor, instabilidade de aero em yaw e mais uma porrada de coisas).
Bom, e o que muda para Barcelona? Em primeiro lugar a Renault está vindo com atualizações e, esperamos, mais potência e drivability. Em segundo lugar, apesar da longa reta esse circuito tem muitas curvas de alta velocidade e por isso um alto nível de downforce (mesmo que com arrasto) é mais desejável. Portanto essa foi a primeira oportunidade que Red Bull e Lotus estão tendo de colocar seus carros na zona de operação em que foram projetados.
Mercedes claramente tinha controle total sobre a situação e tinha condições de aumentar o nível de downforce/arrasto de maneira eficiente. A Williams eu não sei. McLaren e Force India parece que estão muito limitados e continuaram com os níveis de downforce/arrasto abaixo do esperado. E o mesmo para a Toro Rosso.
Em breve as equipes vão dominar a operação dos seus carros e convergir para o ponto ótimo, porém no momento ainda estão acontecendo muitas variações, e isso explica um pouco as mudanças que podem acontecer no pelotão do meio nessa e nas próximas corridas.
Mas e aí o que acontece em Monza/Montreal/Spa? Bem, as equipes vão ter programas no túnel para desenvolver pacotes específicos para essas corridas que exigem menos arrasto. O fato é até aqui todas se preocuparam em desenvolver seus carros para as primeiras corridas. Isso foi baseado nas simulações e ficou claro as equipes com motor Renault tiveram algumas dificuldades em estimar o drag target mais adequado.
Porém este ano existe um outro motivo que pode explicar uma mudança na ordem das equipes: o nível de downforce/drag em que o carro foi desenvolvido. Para explicar isso, eu criei esse gráfico abaixo mostrando a relação entre downforce e drag de quatro carros.
Começando pelos carros 1 e 2: vocês podem ver que estas equipes desenvolveram os seus carros para atingir um alto nível de downforce e que invariavelmente traz também um alto nível de arrasto. Quase sempre mais downforce significa menor tempo de volta (a não ser que o downforce seja muito ineficiente, ou seja, crie muito arrasto). O que define se uma quantidade de downforce vs. arrasto é boa ou não é a simulação de tempo de volta. Então quando as equipes estão trabalhando em um carro novo, elas têm um target de drag e tentam criar downforce da maneira mais eficiente possível porém ficando com o arrasto sobre controle e perto do target. Como vocês podem ver, ambas as equipes do carro 1 e 2 trabalharam com um drag target semelhante e nesse caso a equipe do carro 1 conseguiu melhor eficiência e provavelmente será o carro mais rápido.
Agora, e o carro 3 será mais lento que o carro 2? Depende, talvez a equipe concluiu que o carro seria mais rápido se tivesse menor arrasto para maior velocidade em reta e desenvolveu o carro naquela faixa de arrasto. E existirão corridas em que um menor nível de arrasto é desejável e a equipe pode ter uma vantagem em desenvolver o seu carro naquele ponto de operação (lembram da Force India em Spa 2009?).
Ou pode ser que a equipe 3 gostaria de ter mais downforce porém simplesmente não consegue atingir aquele ponto de operação (Caterham e Marussia).
Entre 2009 e 2013 as regras e motores estavam razoavelmente congeladas e as equipes convergiram para um ponto ótimo em termos de drag target. A briga de performance estava como a entre o carro 1 e 2 nesse exemplo. Porém 2014 introduziu uma gigantesca mudança dos motores e a necessidade de terminar a corrida com um limite de 100km de combustível. As simulações de tempo de volta (para determinar o drag target) dependiam de vários parâmetros de operação do motor que eram estimados até o começo desse ano. Como consequência, diferentes equipes tiveram diferentes conclusões sobre o seu drag target e desenvolveram seus carros usando diferentes pontos de operação.
Vou tentar dar nome aos bois: Red Bull e Lotus desenvolveram seus carros com mais downforce/arrasto. Mercedes/Williams/Force India/McLaren/Toro Rosso focaram em muito menos downforce/arrasto. Parece que a Mercedes fez isso de maneira consciente. Force India, McLaren e Toro Rosso porque simplesmente não conseguiram colocar mais downforce no carro.
O que aconteceu foi que o nível de drag desejável para as primeiras quatro etapas foi menor do que o desejável para Barcelona. Em paralelo, os motores Renault foram um desastre, o que significou que Red Bull e Lotus tinham muito arrasto e pouca potência = velocidade em reta abismalmente menor. Aí as duas equipes em questão começaram um processo de tentar reduzir arrasto meio que em desespero e o que aconteceu é o que vocês podem ver na linha pontilhada do carro 2: o arrasto foi reduzido mas de maneira muito ineficiente (isso porque tirou o carro do seu ponto de operação, aí começa a ter stall no difusor, instabilidade de aero em yaw e mais uma porrada de coisas).
Bom, e o que muda para Barcelona? Em primeiro lugar a Renault está vindo com atualizações e, esperamos, mais potência e drivability. Em segundo lugar, apesar da longa reta esse circuito tem muitas curvas de alta velocidade e por isso um alto nível de downforce (mesmo que com arrasto) é mais desejável. Portanto essa foi a primeira oportunidade que Red Bull e Lotus estão tendo de colocar seus carros na zona de operação em que foram projetados.
Mercedes claramente tinha controle total sobre a situação e tinha condições de aumentar o nível de downforce/arrasto de maneira eficiente. A Williams eu não sei. McLaren e Force India parece que estão muito limitados e continuaram com os níveis de downforce/arrasto abaixo do esperado. E o mesmo para a Toro Rosso.
Em breve as equipes vão dominar a operação dos seus carros e convergir para o ponto ótimo, porém no momento ainda estão acontecendo muitas variações, e isso explica um pouco as mudanças que podem acontecer no pelotão do meio nessa e nas próximas corridas.
Mas e aí o que acontece em Monza/Montreal/Spa? Bem, as equipes vão ter programas no túnel para desenvolver pacotes específicos para essas corridas que exigem menos arrasto. O fato é até aqui todas se preocuparam em desenvolver seus carros para as primeiras corridas. Isso foi baseado nas simulações e ficou claro as equipes com motor Renault tiveram algumas dificuldades em estimar o drag target mais adequado.
sexta-feira, 2 de maio de 2014
20 anos....
Desde o primeiro mês deste blog, em 2009, sempre lembramos essa data.
E fico por aqui. Ontem tivemos uma overdose de Senna. Corridas, filmes, documentários... só faltou a turma do Blog do Zé Ruela dar declaração. Não tem absolutamente mais nada para se dizer. Até ano que vem.
Por falta de internet ontem, o post sai hoje, com um dia de atraso. Acho que não o mundo não vai acabar por causa disso.
E fico por aqui. Ontem tivemos uma overdose de Senna. Corridas, filmes, documentários... só faltou a turma do Blog do Zé Ruela dar declaração. Não tem absolutamente mais nada para se dizer. Até ano que vem.
Por falta de internet ontem, o post sai hoje, com um dia de atraso. Acho que não o mundo não vai acabar por causa disso.
quinta-feira, 1 de maio de 2014
O Esquecido
Ainda é dia 30, amanhã vai começar uma chuva de homenagens ao Ayrton. Algumas merecidas, outras melosas, outras simplesmente sensacionais. Mas poucos aqui no Brasil se lembraram que no dia anterior, a F1 já havia sofrido um tremendo baque.
30 de abril de 1994. Eu também me lembro daquele dia. Fui pro colégio p. da vida, porque tinha que fazer simulado de vestibular. E, claro, eu queria ver a classificação do GP de San Marino na TV. Naquela época, meu caro Henrique, as corridas de F1 eram escassas, e só tinhamos a transmissão das classificações e as corridas para assistir. 32 oportunidades de ver F1 ao vivo no ano, muito diferente das 95 chances que se tem hoje. Minha irmã foi me buscar no colégio pouco antes do meio-dia, e eu, claro, doido pra saber o resultado, perguntei logo que entrei no carro:
- E aí, quem fez a pole?
- Senna, mas morreu um cara...
- Como assim?
- Um cara bateu, e acabou morrendo, tá uma baita confusão.
- Quem?
- Um austríaco, não sei o nome...
- BERGER?
- Não, esse eu conheço!!! Outro...
- Putz, então foi o Ratzemberger, da Simtek.
- Esse mesmo.
Que m. Naquela época, eu tinha o péssimo hábito de invadir os boxes durante o GP Brasil, que em 94, era abertura do campeonato. E depois dos treinos de sexta, como de praxe, pulei a cerca do setor G, e fui subindo em direção ao paddock. Não havia visita ao pit lane naqueles tempos, mas mesmo assim eu sabia que de vez em quando os fiscais corriam os boxes peneirando os intrusos. Eles sempre começavam no box 1 e iam descendo até o 23, empurrando o pessoal para a passarela sobre o S do Senna. A receita era tirar fotos dos carros de ponta, e ir fugindo dessa peneira, até chegar no box da Minardi. Chegando lá, na cara de pau, era pedir para atravessar até o paddock (eles sempre ajudavam, até me esconderam uma vez) e assim a frente de fiscais passava por mim. Pronto, era só voltar pro começo do pit lane, e esperar uma outra onda de fiscais.
Mas num desses dribles, acabei caindo atrás dos boxes da Simtek. E lá estava Roland dando entrevistas, feliz da vida. Meu inglês era muito fraco, mas deu pra entender algumas coisas: que apesar de ter ido mal no treino, ele estava feliz da vida, que o seu objetivo era simplesmente guiar um F1 num Grande Prêmio. E que ele estava muito próximo de realizar o sonho. E, apesar do meu inglês, deu pra entender que ele tinha se esforçado muito para chegar lá, tinha vendido tudo, inclusive o carro, para conseguir verba para disputar a F3000, e conseguir dar o salto pra F1. A excelente entrevista da revista Warm Up nos leva a entender que as coisas foram um pouco menos difíceis, mas o esforço para chegar na F1 foi real, e foi muito duro.
Em 1994, as máquinas fotográficas eram com filmes de rolo. E as minhas fotos estavam acabando. Por isso, não tirei foto dele. Mas o que ficou foi um autógrafo num caderninho, e a lembrança de um cara que estava feliz simplesmente por estar lá. Ele sabia que não seria campeão do mundo. Sabia que não venceria provas, não iria marcar a melhor volta, talvez marcasse algum ponto. Mas isso não interessava, ele estava feliz por andar (ou se arrastar) num F1, e a sua alegria era contagiante.
Mesmo andando no fundo do pelotão, simpatizei com o cara, e com a equipe vira-lata que tinha patrocínio da MTV. Pena que foi por apenas algumas semanas.
As investigações que se seguiram após o acidente, foram um pouco abafadas porque o interesse maior era saber o que havia acontecido no Williams número 2. O Team Principal da Simtek era o Nick Wirth. Ele já havia se envolvido no projeto fracassado da Andrea Moda, e as fofocas da época diziam que o carro da Simtek não havia sido aprovado no crash test da FIA. O time só passou na inspeção porque Wirth era um apadrinhado de alguém na Federação. Consipirações à parte, Nick ainda trabalhou na Benetton, passou um tempo sumido e voltou no projeto da Virgin, naquele carro que foi desenvolvido 100% nas simulações de computador. Como sabemos, ele não teve muito sucesso, mas ainda mantém sua empresa, forte na parte de simuladores.
A investigação concluiu que a causa provável foi a rodada na curva Tosa, na volta anterior, que rachou um suporte da asa dianteira. Quando essa asa foi submetida a alta carga, no final da enorme reta curva de Ímola, quebrou. Ratzemberger bateu no muro a 300 km/h, e morreu imediatamente.
O curioso daquele final de semana é que Senna foi um dos que mais se preocuparam com a morte dele (existe aquela história da bandeira da Áustria no bolso do macacão). E foi justamente Ayrton quem tornou a morte do Roland um fato não tão lembrado no automobilismo. Mas eu, pelo menos, lembro bastante do dia 30, porque aquele cara me lembra que dedicação e trabalho, fazendo as coisas com alegria, dão resultado.
30 de abril de 1994. Eu também me lembro daquele dia. Fui pro colégio p. da vida, porque tinha que fazer simulado de vestibular. E, claro, eu queria ver a classificação do GP de San Marino na TV. Naquela época, meu caro Henrique, as corridas de F1 eram escassas, e só tinhamos a transmissão das classificações e as corridas para assistir. 32 oportunidades de ver F1 ao vivo no ano, muito diferente das 95 chances que se tem hoje. Minha irmã foi me buscar no colégio pouco antes do meio-dia, e eu, claro, doido pra saber o resultado, perguntei logo que entrei no carro:
- E aí, quem fez a pole?
- Senna, mas morreu um cara...
- Como assim?
- Um cara bateu, e acabou morrendo, tá uma baita confusão.
- Quem?
- Um austríaco, não sei o nome...
- BERGER?
- Não, esse eu conheço!!! Outro...
- Putz, então foi o Ratzemberger, da Simtek.
- Esse mesmo.
Que m. Naquela época, eu tinha o péssimo hábito de invadir os boxes durante o GP Brasil, que em 94, era abertura do campeonato. E depois dos treinos de sexta, como de praxe, pulei a cerca do setor G, e fui subindo em direção ao paddock. Não havia visita ao pit lane naqueles tempos, mas mesmo assim eu sabia que de vez em quando os fiscais corriam os boxes peneirando os intrusos. Eles sempre começavam no box 1 e iam descendo até o 23, empurrando o pessoal para a passarela sobre o S do Senna. A receita era tirar fotos dos carros de ponta, e ir fugindo dessa peneira, até chegar no box da Minardi. Chegando lá, na cara de pau, era pedir para atravessar até o paddock (eles sempre ajudavam, até me esconderam uma vez) e assim a frente de fiscais passava por mim. Pronto, era só voltar pro começo do pit lane, e esperar uma outra onda de fiscais.
Mas num desses dribles, acabei caindo atrás dos boxes da Simtek. E lá estava Roland dando entrevistas, feliz da vida. Meu inglês era muito fraco, mas deu pra entender algumas coisas: que apesar de ter ido mal no treino, ele estava feliz da vida, que o seu objetivo era simplesmente guiar um F1 num Grande Prêmio. E que ele estava muito próximo de realizar o sonho. E, apesar do meu inglês, deu pra entender que ele tinha se esforçado muito para chegar lá, tinha vendido tudo, inclusive o carro, para conseguir verba para disputar a F3000, e conseguir dar o salto pra F1. A excelente entrevista da revista Warm Up nos leva a entender que as coisas foram um pouco menos difíceis, mas o esforço para chegar na F1 foi real, e foi muito duro.
Em 1994, as máquinas fotográficas eram com filmes de rolo. E as minhas fotos estavam acabando. Por isso, não tirei foto dele. Mas o que ficou foi um autógrafo num caderninho, e a lembrança de um cara que estava feliz simplesmente por estar lá. Ele sabia que não seria campeão do mundo. Sabia que não venceria provas, não iria marcar a melhor volta, talvez marcasse algum ponto. Mas isso não interessava, ele estava feliz por andar (ou se arrastar) num F1, e a sua alegria era contagiante.
Mesmo andando no fundo do pelotão, simpatizei com o cara, e com a equipe vira-lata que tinha patrocínio da MTV. Pena que foi por apenas algumas semanas.
As investigações que se seguiram após o acidente, foram um pouco abafadas porque o interesse maior era saber o que havia acontecido no Williams número 2. O Team Principal da Simtek era o Nick Wirth. Ele já havia se envolvido no projeto fracassado da Andrea Moda, e as fofocas da época diziam que o carro da Simtek não havia sido aprovado no crash test da FIA. O time só passou na inspeção porque Wirth era um apadrinhado de alguém na Federação. Consipirações à parte, Nick ainda trabalhou na Benetton, passou um tempo sumido e voltou no projeto da Virgin, naquele carro que foi desenvolvido 100% nas simulações de computador. Como sabemos, ele não teve muito sucesso, mas ainda mantém sua empresa, forte na parte de simuladores.
Esse aqui é o carro de 1995, mas é o modelo que eu tenho de papel de um Simtek.
Sim, isso é de papel.
A investigação concluiu que a causa provável foi a rodada na curva Tosa, na volta anterior, que rachou um suporte da asa dianteira. Quando essa asa foi submetida a alta carga, no final da enorme reta curva de Ímola, quebrou. Ratzemberger bateu no muro a 300 km/h, e morreu imediatamente.
O curioso daquele final de semana é que Senna foi um dos que mais se preocuparam com a morte dele (existe aquela história da bandeira da Áustria no bolso do macacão). E foi justamente Ayrton quem tornou a morte do Roland um fato não tão lembrado no automobilismo. Mas eu, pelo menos, lembro bastante do dia 30, porque aquele cara me lembra que dedicação e trabalho, fazendo as coisas com alegria, dão resultado.
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